Primeiro réu a falar durante o julgamento pelo assassinato de Paola Avaly Corrêa, 18 anos, em Porto Alegre, Vinicius Matheus da Silva, 25, admitiu o crime. No entanto, apresentou uma versão diferente da anterior e alegou que decidiu matar a jovem por ciúme.
Três presos estão sendo submetidos a júri nesta terça-feira (28). Outros três serão julgados na quinta (2).
Vinicius disse que a postagem realizada por Paola no Facebook, na qual ela se referia ao namorado e afirmava ter mantido relacionamento com outra pessoa, seria direcionada a ele. Segundo a acusação, essa mensagem seria para outro réu, Nathan Sirangelo, 27, apontado como mandante do crime.
— Eu tomei conhecimento (da publicação). Eu tinha relação com ela — disse.
Vinicius disse que foi até o bairro Bom Jesus, onde Paola morava, decidido a assustar a jovem, mas que não teria intenção de matar.
— Ia dar um susto nela, e acabei efetuando os disparos nela — afirmou.
Vinicius disse que coagiu o outro réu, Paulo Henrique Silveira Merlo, 40, a cavar a cova, e obrigou a também ré Thais Cristina dos Santos, 24, a fazer a gravação. Indagado pelo promotor Eugênio Amorim se estava acobertando Nathan, o réu negou. Disse que em depoimento anterior apontou outros acusados porque estava com raiva e tinha desavenças com eles.
— Era só um susto. Na raiva, bateu mais forte, e acabei efetuando os disparos — disse Vinicius, que admitiu que era gerente da facção.
Indagado sobre a motivação do crime, Vinicius disse que agiu por ciúme e que decidiu confessar por estar arrependido.
— De raiva, pelo fato da traição. Ela tava me traindo com ele — afirmou, sobre Nathan.
— Não está protegendo teus dois superiores na facção? — questionou o promotor.
— Não, só estou contando o que aconteceu — disse.
Logo depois, o próprio advogado de Vinicius, Igor Garcia, questionou o cliente sobre o motivo de ele estar assumindo a autoria somente agora. Anteriormente, o criminalista havia se manifestando dizendo confiar na inocência do cliente.
— Estou arrependido do que eu fiz — disse o réu.
— Tem noção que tua confissão vai te gerar uma vida dentro da cadeia? — questionou o advogado, e o réu confirmou que sim.
Outros réus negam
Os outros dois réus negaram ter envolvimento com o assassinato de Paola. Carlos Cleomir Rodrigues da Silva, 39, negou ter participado do crime. Ele disse que não conhecia os envolvidos e que nunca esteve na Vila Tamanca, onde o corpo foi localizado. Afirmou não saber por qual motivo foi reconhecido como sendo um dos envolvidos no caso.
— Perdi família, tudo, depois disso — afirmou.
O réu negou ter envolvimento anterior com facção criminosa e afirmou estar preso atualmente no Presídio Central.
Logo depois, Paulo Henrique Silveira Merlo, 40, também foi interrogado. Ele admitiu ter aberto a cova, a mando de Vinicius, mas disse que não teve contato com a jovem. Relatou que se não tivesse aberto o buraco, teria sido morto.
Os réus respondem por homicídio qualificado e por ocultação de cadáver. Após os interrogatórios, a juíza interrompeu a sessão, que será retomada às 13h30min, após intervalo para almoço.
Próximo júri
Na quinta-feira, será dado início ao segundo julgamento, com os outros três réus: Nathan Sirangelo, 27 anos, Bruno Cardoso Oliveira, 28, e Thais Cristina dos Santos, 24.
Contrapontos
O que diz a defesa de Nathan
O advogado Rafael Keller Pereira afirmou que só pretende se manifestar após a realização do júri desta terça-feira.
O que diz a defesa de Bruno
Os advogados Viviane Dias Sodré e Gabriela Goulart de Souza negam as acusações. "Conforme possível visualizar nos depoimentos prestados na data de hoje, nenhum policial responsável pela investigação apontou Bruno como mandante do crime. Além disso, o corréu que admitiu a sua participação esclareceu que inicialmente apontou Bruno por possuir desavenças anteriores com o mesmo", dizem.
O que diz a defesa de Thais
A advogada Gisela Almeida, uma das responsáveis pela defesa de Thais, informou que não pretende se manifestar antes do julgamento.