Uma mulher de 58 anos foi presa em Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, por suspeita de injúria discriminatória. O caso aconteceu na tarde de sexta-feira (2), em um bar localizado na Rua Marechal Floriano, na área central. A mulher, que não teve o nome divulgado, foi flagrada por câmeras usando termos racistas contra um dos funcionários do estabelecimento. A Brigada Militar (BM) foi chamada e realizou a prisão em flagrante. O fato será investigado pela Polícia Civil.
Segundo informações divulgadas pelo 23º Batalhão de Polícia Militar (BPM), dois policiais foram até o bar após a BM ser acionada por meio do 190, em razão de uma suspeita de racismo contra um funcionário do estabelecimento. Quando chegaram ao local, durante o atendimento, os policiais presenciaram a mulher proferindo insultos racistas contra o atendente.
Segundo a nota da BM, os clientes que presenciaram o fato ficaram revoltados e as câmeras de monitoramento também registraram a situação. A mulher, conforme os policiais, apresentava sinais de embriaguez. Ela foi encaminhada à Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), onde foi feito o flagrante por injúria discriminatória.
Revolta dos clientes
O caso que foi flagrado pelos policiais chamou a atenção de quem passava pela rua e gerou revolta entre populares. Uma jovem relata que, quando se aproximou do bar, percebeu a movimentação e inicialmente pensou que se tratava de uma briga, até entender o que realmente estava acontecendo. Ela presenciou o momento da prisão.
— Ela (mulher presa) estava muito alterada. Quando se recusaram a servir bebida, ela começou a ofender esse moço, que é negro e trabalha no local — conta.
Em imagens captadas pela câmera do próprio bar, é possível ouvir a mulher se referindo ao atendente repetidas vezes com o termo "negão". Em um dos vídeos gravados por pessoas que assistiam à cena, vê-se a mulher sendo levada algemada pelos policiais.
— Socorro! Estou sendo presa! — grita ela, repetidas vezes.
— Isso aí! Racista! — respondem as outras pessoas, que aplaudem a prisão.
Pelas redes sociais, o Bar Santomé, onde aconteceu o caso, publicou manifestação prestando solidariedade ao funcionário alvo das ofensas. "Aqui quem é racista não é bem-vindo. É incrível que ainda temos que passar por isso", escreveu o estabelecimento, que também divulgou imagem com a frase "Racismo é crime". Frequentadores do local e amigos do funcionário, que inclusive estava de aniversário na mesma sexta-feira, também manifestaram apoio.
Caso será investigado
Segundo a delegada Ana Luísa Aita Pippi, um inquérito será instaurado pela 1ª Delegacia de Polícia para apurar o caso. A polícia tentou ouvir a suspeita na sexta-feira, mas ela ainda aparentava estar transtornada e permaneceu em silêncio. A investigação deverá ouvir o depoimento da própria vítima e de testemunhas e também irá reunir as imagens que foram registradas do fato.
Ainda conforme a polícia, a prisão foi homologada pela Justiça, mas foi concedida liberdade provisória para a mulher, mediante termo de compromisso de comparecimento a todos os atos do processo e comparecimento mensal em juízo para informar e justificar suas atividades.