Uma estrutura que presta serviço público e há décadas chamava a atenção pela precariedade está com parte renovada. Foi concluída uma reforma do Departamento Médico Legal (DML), dando ao necrotério de Porto Alegre uma nova e ampliada câmara fria para armazenamento de corpos, além de sala de necropsias reestruturada. O investimento é de R$ 2,3 milhões, vindos do Fundo Especial de Segurança Pública.
— É uma grande conquista. Muda o ambiente de trabalho, faz o servidor se sentir protegido, pelas questões de segurança, e valorizado. Além de receber e acolher melhor quem vai ao local — destacou a diretora-geral do Instituto-Geral de Perícias (IGP), Heloisa Kuser.
Em 2019, GZH mostrou que o DML enfrentava uma de suas piores crises, com acúmulo de corpos e situações de risco à saúde de funcionários. As obras começaram em julho de 2021. O primeiro impacto positivo agora deve ser às pessoas que vão ao local sob abalo da perda de um familiar para fazer o reconhecimento do corpo. A sala de espera foi revitalizada a fim de dar mais conforto a quem passa pela experiência.
Já os maiores avanços estão concentrados na obra da câmara fria, que passou de 54 para 69 gavetas de armazenamento de corpos, todas com sensor de temperatura individualizados. Isso permite que passem por manutenção ou sejam limpas sem que seja preciso desligar as demais.
Do total de gavetas, 14 têm capacidade para congelamento (atingem -18ºC) dos corpos, amenizando o problema de decomposição em casos em que a liberação seja mais demorada. As demais, que chegam a temperaturas entre 2ºC e 6ºC, permitem o resfriamento normal no dia a dia até a retirada dos corpos para sepultamento.
Toda a estrutura da nova da câmara fria é composta por módulos autônomos que, no futuro, podem ser transferidos para outro prédio com facilidade. Há previsão para construção de uma nova sede do DML, junto ao Centro Regional de Excelência em Perícia Criminal (Crepec), no centro da Capital.
Também houve melhorias na parte geral da câmara fria, que foram o revestimento de paredes e teto com azulejos brancos, a troca da fiação elétrica e a substituição do piso. Outra reinvindicação histórica dos servidores era de melhores condições de trabalho na sala em que são feitas as necropsias, já que é um local em que amostras são coletadas para exames e em que o servidor pode ficar exposto a materiais biológicos. Neste local, foi instalado piso que facilita a higienização, o que aumenta a segurança dos trabalhadores. Os ganhos em iluminação e climatização são destacados pela diretora do IGP:
— Era tudo muito escuro, parede e teto pintados de preto, pouca iluminação, o que deixava o ambiente muito pior.
Conforme o Instituto-Geral de Perícias (IGP), 50% de todas as necropsias do Estado são feitas no DML de Porto Alegre.
A área de atuação do DML da Capital engloba, além de Porto Alegre, mais nove municípios: Alvorada, Barra do Ribeiro, Eldorado do Sul, Glorinha, Gravataí, Guaíba, Mariana Pimentel, Sertão Santana e Viamão. Antes mesmo da conclusão da reforma, outros elementos foram agregados para modernizar o serviço com novos equipamentos sendo adquiridos, entre eles, focos cirúrgicos portáteis, paquímetros, tremas e mesa ginecológica.
Com a conclusão das obras na câmara fria, o contêiner refrigerado que era usado pelo necrotério será desativado assim que o espaço novo começar a ser usado.
— Estamos qualificando o atendimento e melhorando as condições de trabalho — destacou o perito médico legista Eduardo Terner, diretor do DML.