A Polícia Civil realizou na tarde desta terça-feira (12) uma ação, em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente de Igrejinha, no Vale do Paranhana, na empresa Shabby Chic, que resultou na interdição da fábrica de móveis. De acordo com a polícia, a empresa possuía irregularidades fiscais e teria registro de micro empreendedor individual (MEI), quando deveria ter de micro empresa. Além disso, não teria alvará para fabricar produtos com madeira.
A Shabby Chic é investigada pela Delegacia de Polícia de Igrejinha desde que pelo menos 20 pessoas fizeram boletins de ocorrência relatando terem sido lesados pela empresa, já que teriam pago por móveis que nunca foram entregues. Segundo o delegado responsável pelo caso, Ivanir Caliari, a empresa não possuía todos os documentos necessários para funcionamento:
— Por meio da diligência foi possível verificar que a fábrica não possui alvará para exploração e fabricação de móveis em madeira. Além disso, identificamos que, em determinados momentos, eles tiveram de seis a 30 funcionários, ultrapassando a quantidade permitida para MEI. A empresa também não possui plano de prevenção contra incêndio (PPCI).
A Polícia Civil apura se os responsáveis pela empresa praticaram estelionato ao não entregarem os móveis aos clientes. A Shabby Chic alega problemas com matéria prima, mão de obra e de comunicação ao justificar o não cumprimento do combinado com os compradores. O delegado ainda não informa o prejuízo estimado dos clientes, mas levantamento do GZH, com base em relatos de 16 vítimas, aponta montante de cerca de R$ 40 mil.
Ainda de acordo com o delegado, o argumento de um dos sócio-proprietários foi de que a empresa não estaria lesando os clientes, uma vez que a empresa administradora do e-commerce pelo qual os móveis eram comercializados ressarciria qualquer dano ao cliente. Mas, segundo a polícia, uma das vítimas tentou providenciar a devolução do valor e a empresa administradora de pagamentos negou essa política, afirmando que o vendedor é o responsável pelo ressarcimento quando não há a entrega do produto.
A continuidade de negociações com novos clientes, mesmo com a não entrega de móveis para aqueles que já haviam pago, além do grande número de vítimas, são elementos levados em conta na apuração da Polícia Civil. Para concluir o inquérito, segundo o delegado, é preciso ainda ouvir o depoimento de uma das mulheres envolvidas no gerenciamento da fábrica.
O que diz a empresa
Em relação ao registro da empresa e aos documentos que estariam em falta, o proprietário Wander Luiz Moreira Souza afirmou que "o registro estava em processo inicial de alteração" e que, no momento da operação, "trabalhava para resolver as pendências e atrasos já mencionados".
"Atrasos estes que se devem a escassez de materiais e de mão de obra. O setor moveleiro vem sofrendo os reflexos da pandemia desde maio de 2020, e sempre conseguimos atender a demanda mesmo com alguns atrasos. A situação se intensificou em dezembro, quando tivemos atrasos pontuais e, no momento, estávamos tentando dar a devida assistência pra solucionarmos este problema", afirmou a empresa por meio de nota.
Produção: Kênia Fialho e Bruna Viesseri