Com o currículo marcado pela atuação em crimes de repercussão envolvendo crianças, a delegada Caroline Virgínia Bamberg Machado, 43 anos, assume o Departamento Estadual de Proteção a Grupos Vulneráveis com um recado sobre a importância de as pessoas denunciarem suspeitas: "Pequem pelo excesso, não pela falta".
O que a policial quer dizer é que, se uma denúncia feita não se comprovar, tudo bem. Mas se um crime que realmente esteja ocorrendo não for informado, vidas podem se perder.
— A alegação de não querer se envolver numa investigação não cabe mais, pois existem vários canais para denúncias anônimas. É melhor pecar pelo excesso, por falar, ainda que não comprove depois, do que pela falta. E as crianças são as vítimas mais vulneráveis entre os vulneráveis — destaca Caroline, que tem dois filhos e uma enteada.
Da experiência do caso Bernardo Uglione Boldrini, morto pela madrasta com conhecimento do pai, a delegada resume: "Não podemos calar. Temos que ter um olhar diferenciado e parar com essa coisa de não querer se meter. O caso Bernardo teve repercussão por causa do envolvidos, do enredo. Mas há Bernardos sendo vítima todos os dias."
Recentemente, Caroline também deu apoio à investigação da morte do menino Rafael Winques, de 11 anos, morto pela mãe em Planalto.
Caroline também chega ao DPGV com a meta de ampliar o trabalho de combate à intolerância.
— No Interior não se tem muitos casos assim, mas sempre me identifiquei com essas causas e questões sociais. O espaço da mulher está consolidado, já há um trabalho estruturado, a mulher conquistou isso. É preciso agora fortalecer o caminho para que esses os grupos que sofrem intolerância ganhem esse espaço, ampliem as denúncias — explica a delegada.
A Delegacia de Combate à Intolerância foi inaugurada em dezembro, depois da morte de João Alberto Silveira Freitas, homem negro que morreu após ter sido espancado no estacionamento do supermercado Carrefour no bairro Passo D'Areia, na zona norte de Porto Alegre.