O titular da Diretoria Estadual de Investigações Criminais da Polícia Civil de Santa Catarina, delegado Luis Felipe Fuentes, disse que imóveis próximos à agência do Banco do Brasil atacada por criminosos durante a noite de segunda-feira (30), em Criciúma, possam ter sido alugados pela quadrilha. Criminosos com esse modo de operação costumam ter essa iniciativa para monitorar o local a ser atacado e planejar o assalto, segundo ele. O cofre do banco foi explodido e cerca de R$ 40 milhões roubados, segundo estimativa da cúpula da segurança de Santa Catarina.
— Cerca de 30 pessoas participaram da ação. Tem a quantidade que estava no terreno e um segundo grupo, que alugou imóveis próximos. Também outras pessoas que, à distância, fizeram algum trabalho, como falsificação de documentos, por exemplo. É um rol bastante grande no momento — disse Fuentes em entrevista ao GZH 19h.
O delegado disse, ainda, que o ataque foi maior que o realizado em 2019, no Aeroporto de Blumenau, quando foram roubados cerca de R$ 10 milhões de um avião que transportava valores. Na oportunidade, o planejamento desse ataque levou nove meses, segundo o delegado.
— Esse é um roubo de maior vulto de estrutura e de criminosos. Então, no mínimo seis meses de planejamento — estima o policial.
Conforme Fuentes, vários elementos estão sendo analisados pela perícia para chegar até os criminosos. Um deles é o sangue encontrado em, pelo menos, um dos veículos usados durante o assalto.
A Polícia Civil ainda não tem suspeitos identificados, mas afirma que há um banco de suspeitos que fazem parte de quadrilhas de assaltos a bancos pelo país.
— Isso já de pronto nos remete a grupos de fora do Estado, não temos esse perfil de criminosos em Santa Catarina. Pode até ter algum integrante do Estado, e isso vai se chegar a uma identificação, mas sabemos que esse tipo de ação é proveniente de fora do Estado, especialmente de São Paulo — disse o delegado Anselmo Cruz, titular da Delegacia de Roubos e Antissequestro da Diretoria Estadual de Investigações Criminais de Santa Catarina.
Ação conjunta
A Polícia Civil de Santa Catarina conta com apoio da Brigada Militar. O objetivo, neste caso, é evitar que os cerca de 30 criminosos cruzem a divisa com o Rio Grande do Sul. Além disso, polícias civis de todo o país estão em contato para prender os bandidos. Nos bastidores, existe a preocupação de que essa quadrilha siga capitalizada — ou seja, com recursos para fazer novos ataques Brasil afora. Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal também estão contribuindo.
Os policiais acreditam que os criminosos ainda estejam na região sul de Santa Catarina, escondidos.
Reféns
Os quatro reféns que prestam serviço para a Diretoria de Trânsito e Transportes da Prefeitura de Criciúma foram recebidos na tarde de terça-feira (1) pelo prefeito Clésio Salvaro. Eles passam bem e não tiveram ferimentos. Os quatro receberão apoio psicológico e psiquiátrico pelo município.
Eles faziam trabalho de pintura de sinalização de trânsito em vias próximas quando foram ficara na mira de fuzis pelos bandidos. Além dos trabalhadores do município, outras duas pessoas que passavam pelo local também foram mantidas no local numa espécie de cordão humano para evitar aproximação dos policiais. Eles também passam bem.
Depoimentos e imagens
Testemunhas estão sendo ouvidas pela Polícia Civil e imagens de câmeras de segurança e vídeos gravados por moradores próximos ao banco estão sendo analisados.
Presos com dinheiro
Os quatro homens presos com três malas de dinheiro que caiu dos carros dos bandidos durante a fuga seguem sendo investigados. Ainda não há certeza de que eles façam parte da quadrilha ou se eram pessoas que passavam e decidiram pegar as cédulas.
PM ferido
Até 22h30, o soldado Jeferson Luiz Esmeraldino, 32 anos, atingido por disparos pelos criminosos, seguia internado na UTI de um hospital de Criciúma em estado grave.
Transporte de valores
Por volta de 20h, três carros fortes foram até a agência do Banco do Brasil retirar o restante do dinheiro que ficou no cofre que foi explodido.