
O jovem preso pela morte dos dois policiais militares em confronto na Vila Maria da Conceição, na zona leste de Porto Alegre, na noite desta quarta-feira (27), deveria estar sendo monitorado por tornozeleira eletrônica, mas estava sem vigilância por falta de equipamentos. Lucas Iago da Rosa, de 19 anos, cumpre pena no regime semiaberto por tráfico de drogas.
Segundo o Tribunal de Justiça, Lucas foi condenado duas vezes por tráfico, as duas em 2018, em Porto Alegre. Uma das condenações estabeleceu oito anos de reclusão no regime semiaberto, e a outra, um ano e 11 meses, convertidos em serviços prestados à comunidade. Ele ainda responde a um terceiro processo, também por tráfico de drogas.
Por falta de vagas no semiaberto, Lucas foi encaminhado para o sistema de tornozeleiras eletrônicas. No último dia 14, ele havia comparecido a um departamento da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) para colocar uma tornozeleira, mas não havia equipamento. O novo agendamento havia sido feito para esta sexta-feira (28) — no entanto, antes disso, foi preso por duplo homicídio após o confronto na noite passada.
Lucas tem passagens pela polícia por tráfico de drogas e associação para o tráfico, além de porte ilegal de arma de uso restrito e corrupção de menores — ele também tem histórico como adolescente infrator. Ele estava em uma situação chamada de "nuvem" por agentes da segurança pública. A situação se refere aos casos em que a pessoa deveria estar no semiaberto, mas, por falta de vagas, vai para o sistema de tornozeleiras — e, por falta também de tornozeleiras, fica sem monitoramento.
Criminoso morto havia sido condenado por matar o irmão
O pai de Lucas, Cléber Josué da Rosa, de 44 anos, foi morto no confronto. Ele estava em liberdade condicional depois de ter sido condenado, em 2011, por matar o próprio irmão no bairro Pedreira, em Santa Cruz do Sul, em 2008. A condenação foi feita pelo Tribunal do Júri e confirmada, depois, pelo Tribunal de Justiça.
Segundo a Justiça, Cléber matou o irmão Genésio Batista da Rosa porque desconfiava que sua mulher o estava traindo com ele. Conforme relatado na denúncia, Cléber foi até a casa do irmão junto com a filha menor de idade, que ficou esperando pelo pai a cerca de 10 metros do local do crime.

Além de homicídio, o criminoso tem antecedentes na polícia por roubo, além de ter registrado três problemas com as tornozeleiras. Em março e em dezembro de 2016, o sistema apresentou alerta de falha de comunicação, o que significa que a tornozeleira foi rompida — ele chegou a ser considerado foragido em 2016. Em dezembro de 2017, o equipamento apresentou falha constatada pela Susepe.
Ele e o filho são apontados pela Polícia Civil como "seguranças" do tráfico de drogas na Vila Maria da Conceição. Na região onde moram, Cléber é descrito como um "especialista no crime" — conforme vizinhos, ele já havia dito que queria matar um policial.
O que diz o governo
A Secretaria da Administração Penitenciária (Seapen) afirma que o fato de Lucas estar sem tornozeleira eletrônica reflete o "problema já conhecido do sistema prisional". Conforme a Seapen, 10 mil novas tornozeleiras estão sendo implantadas no Estado, em um processo que deve ser concluído até o fim de agosto. No total, 2,6 mil equipamentos estavam em operação pelo sistema antigo.
Ainda conforme a secretaria, o processo de implantação das novas tornozeleiras iniciou nos municípios de Santa Cruz do Sul e Pelotas. A instalação seguiria pelo interior, mas foi antecipada para a Capital, já que a secretaria identificou maior necessidade.