
A presidente da Fundação Hospital Centenário, Quelen da Silva, afirmou que houve falha de segurança das autoridades competentes no ataque criminoso que resultou na morte de um paciente por engano. Em entrevista coletiva concedida em São Leopoldo, no Vale do Sinos, Quelen explicou que a instituição havia enviado nota ao 25º Batalhão da Brigada Militar solicitando reforço policial após o hospital receber ligações questionando sobre o paradeiro do paciente Alex Junior Abreu Tubiana, 28 anos, internado após sofrer uma tentativa de homicídio, que seria o alvo da quadrilha responsável pelo ataque.
Dois criminosos armados com pistolas 9 milímetros entraram na sala de pós-operação do hospital na madrugada e deram 29 tiros no local, levando à morte de Gabriel Vilas Boas Minossi, 19 anos. Além de Gabriel, outro paciente e um acompanhante ficaram feridos de raspão nas pernas. Ao todo, quatro homens participaram do ataque — um ficou no carro e outro, usando uma arma longa, ficou na porta da emergência.
Em resposta à solicitação do hospital, a Brigada Militar determinou a realização de rondas periódicas pelo local. Segundo Quelen, a medida não foi suficiente para garantir a segurança, uma vez que a quadrilha entrou no Hospital Centenário 10 minutos após a passagem da viatura da BM. Segundo ela, os criminosos aproveitaram o intervalo para agir.
— Sim, houve uma falha, porque a gente pediu uma escolta, justamente porque a gente sabia das ameaças que estava ocorrendo. E o que foi desenvolvido pela Brigada Militar foi uma ronda, que não foi necessário, tanto é que a ronda saiu e 10 minutos depois chegou esse grupo de homens armados, que adentraram no hospital — ressalta Quelen.
A presidente da fundação diz que é necessário revisar a segurança nos locais de saúde de todo o Estado. O Hospital Centenário está agora com reforço por parte da Brigada Militar, Guarda Municipal e seguranças do próprio local. As visitas foram canceladas nesta sexta-feira, mas o atendimento foi mantido, apesar de alguns transtornos pela manhã devido ao trabalho policial e pericial.
Comandante não vê falha
Mais cedo, em entrevista ao Gaúcha Atualidade, o comandante da Brigada Militar (BM) em São Leopoldo, tenente-coronel Daniel Coelho, defendeu a atuação da corporação diante do risco de assassinato dentro do Hospital Centenário, ao afirmar que "não identificou falha" na atuação da BM:
— As informações que chegaram é de que havia a possibilidade de ameaça a um paciente que estava alvejado com disparos de armas de fogo. Diante disso, mandamos o coordenador de serviço até o local, conversamos (com o alvo) e ele se mostrou bastante tranquilo e não entendia que tivesse essa situação. Também, mais à noite, mandamos um oficial de serviço no local e não tivemos a informação de risco iminente — explica — Então, a avaliação da BM no momento foi de que rondas periódicas poderiam resolver a situação — completa.
Na quinta-feira (8), o Hospital Centenário encaminhou um ofício ao 25º Batalhão de Brigada Militar de São Leopoldo solicitando "escolta policial a fim de resguardar a incolumidade não só do paciente, mas também dos profissionais e demais usuários", após receber ligação do advogado de um homem que estava internado no local — com ficha criminal por homicídio e recentemente egresso do sistema prisional.

Indagado sobre a ronda policial não ter sido suficiente diante do pedido específico de escolta, Daniel Coelho enfatizou que a BM "não é onipresente" e agiu de acordo com a situação:
— O apelo foi atendido pela Brigada. Diante das informações que chegaram, a BM agiu dentro do limite. Antes do fato, uma guarnição saiu 10 minutos antes do hospital. Logo após também ao fato, uma guarnição estava passando na frente — enfatiza — Nós temos outros afazeres, temos outras atribuições também, e a avaliação no momento foi esta — conclui.
Ouça a entrevista completa:
O comandante esclareceu que situações como a desta sexta-feira não são "algo recorrente, normal, até porque o hospital tem seu sistema de segurança e a Brigada constantemente entra entra e sai do hospital":
— Pessoas baleadas entram no Centenário constantemente, então há uma rotina.
Indagado se haverá alguma mudança após o ocorrido, Coelho afirma que os processos possam ser otimizados de forma conjunta:
— Isso tem que ser avaliado como um sistema. Sistema de segurança do próprio hospital, sistema de informação entre a Polícia Civil e Brigada Militar, uma situação de agilizar a transferência destas pessoas para outros locais com rapidez.