Foi concluído na manhã desta quinta-feira o processo de expulsão do criminoso Jackson Peixoto Rodrigues, o Nego Jackson, e de Marcos Oliveira da Silva, o Marquinhos, do Paraguai para prisões brasileiras. Nego Jackson, que até janeiro era considerado o foragido número 1 do Rio Grande do Sul, juntamente com outros três comparsas – entre eles Marquinhos – estava preso em Assunção, no Paraguai, desde 12 de janeiro.
Nego Jackson desembarcou em Cascavel, no Paraná, por volta de 14h, onde ficará preso preventivamente em um presídio federal. Apontado pela polícia como o responsável por arregimentar diversas quadrilhas em uma frente contra uma facção criminosa de Porto Alegre, o criminoso é considerado o pivô da atual guerra de facções vivida na Capital. Ele tem contra si nove mandados de prisão por homicídios.
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Já Marquinhos chegou a Porto Alegre às 15h50min e foi transferido para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Ele é considerado pela polícia um dos principais aliados do Nego Jackson nessa aliança entre quadrilhas. Tem mandados de prisão por outros três homicídios.
Outros dois homens presos junto com Marquinhos e Nego Jackson em Pedro Juan Caballero permanecem no país vizinho. O grupo é investigado no Paraguai por um duplo homicídio relacionado à eliminação de lideranças do tráfico na região da fronteira com o Brasil. De acordo com o delegado Arthur Raldi, da Delegacia de Capturas, do Deic, os paraguaios não encontraram provas mais concretas relacionando Jackson e Marquinhos àquele crime.
– Foi por isso que conseguimos o procedimento sumário da expulsão. É o nome que se dá quando os suspeitos presos em um país também respondem a crimes mais violentos em outro. É o caso deles – resume o delegado.
Enquanto em Porto Alegre os dois respondem por diversos homicídios, no Paraguai eles serão processados por falsidade ideológica, posse de drogas e de munições.
Nego Jackson foi transferido para uma penitenciária federal de segurança máxima com o intuito de evitar a comunicação dele com a organização criminosa que ele lidera no RS. A negociação ocorreu entre quarta e quinta-feira e precisou de autorização da Justiça Federal.
– Em unidades daqui ele poderia provavelmente dar seguimento a essa liderança que ele exercia sobre a organização criminosa, pois ficaria perto dos criminosos que ele coordena – explicou Raldi.
Confira um vídeo com a chegada de Marquinhos em Porto Alegre
Conflito está mais violento
A prisão de Nego Jackson, ao contrário do que se poderia pensar, não freou a guerra entre facções criminosas em Porto Alegre. Ao contrário, a violência do conflito pode ter aumentado. Somente em janeiro, o Departamento de Homicídios registrou 95 assassinatos na Capital.
Boa parte deles relacionados ao confronto entre dois grupos que disputam a supremacia do tráfico de drogas na região.É que, segundo os investigadores dedicados ao mapeamento das facções criminosas, com o corte da comunicação de Nego Jackson e alguns dos seus principais aliados, presos com ele no Paraguai, o comando da aliança de quadrilhas formadas na Capital desde o começo de 2016 teria mudado de perfil.
Agora, os principais expoentes seriam criminosos com origem na região do Loteamento Timbaúva, Bairro Mario Quintana _ boa parte já presos, mas ainda exercendo comando. E estes, segundo a polícia, têm um perfil ainda mais violento que o de Nego Jackson.
O método das decapitações, por exemplo, acredita o Departamento de Homicídios, partiu justamente desse grupo criminoso da Zona Norte. No primeiro mês do ano já foram encontradas sete vítimas esquartejadas _ quatro delas decapitadas _ na Região Metropolitana. Em todo o ano passado, foram 16 vítimas.