Mesmo ainda sem conseguir solucionar o assassinato do corretor de imóveis Júlio César da Silva, 28 anos, depois de ter sido sequestrado em Sapiranga, no Vale do Sinos, no final do mês passado, a polícia acredita já ter elementos suficientes para comprovar a extorsão que se seguiu ao rapto da vítima – e que teria continuado mesmo após a sua morte. Por trás do crime, de acordo com o delegado Paulo Pires Branco, que comanda a investigação pela Delegacia de Polícia (DP) de Sapiranga, estão dois empresários de Sapiranga e de Campo Bom que já conheciam a família da vítima.
– Ele já haviam negociado empréstimo de dinheiro com o pai da vítima. Agora, provavelmente, visavam conseguir um alto valor por meio do crime – afirma o delegado.
Segundo a polícia, o pai do corretor, que trabalha como taxista, também estaria envolvido com empréstimos a juros. Foi ele quem constatou o sequestro do filho ao ligar para o telefone do rapaz no final da tarde de 21 de novembro. Em vez de Júlio César, quem atendeu o telefone teria sido um dos criminosos.
– Foi feita uma exigência de R$ 1 milhão pelo resgate – diz o delegado.
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De acordo com Branco, as participações dos dois empresários na extorsão está confirmada e as prisões preventivas devem ser solicitadas ao final do inquérito. A comprovação, segundo Branco, ocorreu na semana passada. Um dos empresários teria procurado o pai do corretor de imóveis alegando que criminosos o teriam contatado para que intermediasse uma negociação de resgate.
– À essa altura, a vítima já estava morta. Ainda assim, ele alegou dessa vez que exigiam R$ 50 mil – aponta o delegado.
A entrega do valor ocorreria às 21h de quinta-feira passada, mas a polícia interceptou a negociação. Depois, os investigadores confirmaram que a primeira ligação havia sido feita pelo outro empresário, amigo do segundo negociador.
O sequestro
Os dois empresários foram presos temporariamente com outras duas pessoas na última sexta. De acordo com a polícia, um deles atua no ramo da construção e o outro tem uma empresa de reboques. No entanto, não é descartado que as empresas sejam fachadas. Um dos envolvidos tem histórico de envolvimento com jogos de azar. Não é descartada a participação de uma facção criminosa que tem seu comando no Vale do Sinos neste sequestro.
O que a polícia ainda tenta esclarecer é o motivo e as circunstâncias da morte de Júlio César da Silva. Uma das suspeitas é de que ele tenha reagido no momento em que foi levado do escritório em que trabalhava, no Centro de Sapiranga.
Ele foi encontrado morto a tiros no dia 27 de novembro, em Estância Velha. O corpo já estava em avançado estado de decomposição, então a identificação só foi possível no final da semana passada. A DP de Sapiranga, com o apoio do Deic, ainda tenta identificar possíveis envolvidos no rapto e morte do corretor de imóveis.