Rafael Panosso de Albuquerque, o Xuxa, denunciado pela execução por engano do empresário Marcelo Oliveira Dias, 44 anos, em outubro, no estacionamento do supermercado Zaffari do bairro Cavalhada, pode ter sido contratado para este crime.
A hipótese foi admitida pelo delegado Adriano Nonnenmacher que coordenou, ao lado do delegado Marco Guns, a operação que resultou na prisão do suspeito. Outra possibilidade é de que sua participação no crime tenha feito parte de acordo entre quadrilhas.
Xuxa era o único foragido entre os cinco denunciados pela morte do empresário. Ele foi preso nesta semana em uma operação da Delegacia de Repressão ao Roubo de Veículos (DRV) do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e do Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca), que resultou na desarticulação de uma quadrilha que roubava até três carros por dia na zona norte de Porto Alegre e em Canoas.
De acordo com o delegado Nonnenmacher, a especialidade de Xuxa, que também é conhecido como Alemão, é o roubo.
– Eles roubavam veículos muitas vezes para utilizá-los em roubos de maior porte, como ao comércio, de cargas e de bancos – explicou.
A área de atuação Xuxa, ainda de acordo com o titular da DRV, era o bairro Sarandi, na Zona Norte de Porto Alegre.
– Desde que participou da morte do empresário, ele se refugiou em Canoas, com parceiros de quadrilha – disse o delegado.
Esses dois fatores – tipo de crime e área de atuação – levam a polícia a crer na possibilidade de que ele tenha sido contratado para participar do crime que resultou, por engano, na morte do empresário, ou que seu envolvimento tenha resultado de um acordo entre quadrilhas.
Os outros quatro indiciados por aquele crime eram integrantes de um grupo que controla o tráfico de drogas na Vila dos Sargentos, no bairro Serraria, na zona sul de Porto Alegre.
– Soubemos que ele já teve alguma ligação com um pessoal da Bom Jesus (bairro da zona leste, no qual o tráfico é controlado por aliados da quadrilha que atua na Vila dos Sargentos). Então, por conta disso, pode ter sido contratado ou convocado para atuar como executor no crime da Cavalhada – complementou Nonnenmacher.
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Alvo era um suposto traficante
O empresário Marcelo Oliveira Dias foi executado na frente da filha de quatro anos, que também foi baleada, no dia 20 de outubro, ao ser confundido com um suposto traficante, no estacionamento do supermercado Zaffari do bairro Cavalhada.
O objetivo dos executores era matar um criminoso que seria braço direito do homem chamado de ET, líder do tráfico no Beco do Adelar, no bairro Aberta dos Morros, zona sul de Porto Alegre.
De acordo com as investigações, Xuxa e Carlos Henrique dos Santos Duarte, o Beiço, foram os responsáveis pelos disparos. Régis Maurício Lima Alves dirigia o carro em que eles estavam.
Dois dias depois, em um confronto com a Brigada Militar no Beco do Adelar, Régis foi morto, e Beiço, preso, assim como Geovani Bueno Antunes, o Choupana, que seria um dos três mandantes do crime.
Os outros dois mandantes, segundo a polícia, foram Fábio Fogassa e Bruno Fernando Teixeira, que já estavam no sistema penitenciário.
Ligações com assaltante Seco
A operação que resultou na prisão de Xuxa, batizada de Borealis, foi deflagrada no domingo e concluída na manhã desta quarta-feira, pela DRV.
O objetivo era desarticular um grupo que agia no roubo de carros nos bairros Sarandi, Rubem Berta, Floresta, Lindoia e Petrópolis, e em Canoas.
Mais de 200 policiais participaram da ação que resultou em 12 prisões (cinco com prisões provisórias e sete em flagrantes) e nas apreensões de três adolescentes.
Foram recuperados seis veículos, e apreendidos 750g de maconha, documentos falsos e três pistolas – uma delas 9mm turca, que a polícia suspeita que tenha sido usada na morte de Marcelo.
Xuxa e outros dois homens foram presos em Canoas, em uma casa que, segundo suspeita a polícia, pertence ao assaltante José Carlos dos Santos, o Seco, preso há 10 anos por uma série de ataques a carros-fortes.