Após novo parcelamento de salários e somado ao que chamam de "caos na segurança", representantes da Brigada Militar, Polícia Civil, Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) e Instituto-Geral de Perícias (IGP) paralisam parte das atividades desde o início da manhã desta quinta-feira.
Segundo o Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores da Policia Civil do Rio Grande do Sul (Ugeirm-Sindicato), apenas casos graves são registrados nas delegacias. Uma das novidades é a adesão dos delegados ao protesto. Em reunião, eles decidiram apoiar a causa e não estão fazendo investigações nem operações nesta quinta.
– Passado mais de um ano e meio de governo, o Sartori fez tudo que prometeu pra sanar a crise e aprovou todos projetos como quis na Assembleia, e continuamos na mesma, com salário parcelado todo o mês e os crimes só aumentam – questiona o presidente do Ugeirm, Isaac Ortiz, enquanto participava de um piquete com outros colegas em frente ao Palácio da Polícia.
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Já a Abamf, associação que representa os servidores do nível médio da Brigada Militar, os policiais militares estão fazendo operação-padrão, ou seja, não estão saindo com viaturas estragadas, e alguns familiares e aposentados da BM fizeram bloqueios em quartéis pela manhã.
Nas ruas, a população não sentiu muito os efeitos. Questionada, a contadora Fabiana Lopes, 41 anos, disse que não sabia da paralisação e não notou diferença.
– Ontem vi uma viatura da Força Nacional, e hoje não. Mas vi brigadianos na rua. Pra mim, tudo normal – disse ela.
Na prática, a operação-padrão tem poucos efeitos imediatos para a população, uma vez que as ocorrências sem gravidade, como perda de documentos, podem ser comunicadas pela internet. No entanto, a estudante Tainá Ferreira, 17 anos, que vem de Viamão para fazer curso em Porto Alegre, conta que ela e o irmão gêmeo, após terem sido assaltados na Rua da República, na Cidade Baixa, tiveram a tentativa de registrar ocorrência no Palácio da Polícia negada.
– Colocaram uma faca nas costas do meu irmão. Podiam ter matado ele. Aí a gente vem fazer o certo na delegacia e eles negam – reclama a jovem.
Protesto contra superlotação no Deic
Os cerca de 50 policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) têm um motivo a mais para integrar a paralisação dos servidores. Além de receberem os salários parcelados, eles sofrem com a superlotação de presos na sede do departamento, na zona leste de Porto Alegre. As quatro celas que deveriam ser ocupadas somente durante procedimentos policiais, já acumulam 17 presos. Alguns estão na unidade há quase uma semana.
Segundo o vice-presidente do sindicato, Fábio Castro, a carceragem do Deic não tem condições físicas e de segurança para manter os homens detidos por muito tempo.
– Depois da desativação da 2ª DPPA, todos os presos estão sendo conduzidos para cá. É um problema sério, até mesmo de segurança para os próprios servidores. Um dos agentes disse que os presos estão sendo separados por facções para evitar conflito. – Não dá para colocar os presos de facções diferentes na mesma cela, é como se fosse o Presídio Central – desabafa o servidor.
Salário do funcionalismo
O governo do Estado depositou, no final da tarde de quarta-feira, mais duas parcelas de R$ 200 a cada servidor do Executivo. No início da manhã, haviam sido creditados R$ 800. Com o total de R$ 1.200 depositado até agora, 22,6% do funcionalismo tiveram os vencimentos de agosto pagos integralmente.
Segundo o Piratini, "os demais depósitos continuarão sendo feitos de acordo com a entrada de receitas". A previsão da Secretaria da Fazenda é de que todos os salários estejam quitados até 13 de setembro.
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