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Após conhecer a violência de perto, com tiroteio na volta da escola, alunos acuados nos corredores com medo de voltar para casa e toque de recolher no meio da tarde, pais, alunos e professores da Escola Municipal Vereador Martim Aranha, no Bairro Santa Tereza, na Vila Cruzeiro, promoveram um ato de paz na manhã desta sexta-feira.
A escola de ensino fundamental que atende a quase 700 alunos da comunidade, já vinha trabalhando temas relacionados à violência em sala de aula e estava preparando a comemoração de 30 anos da unidade.
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Porém, o tiroteio que provocou pânico há duas semanas e supostamente teria alunos como alvo, deixou os profissionais ainda mais atentos ao problema. A comemoração de aniversário se transformou em um pedido de segurança e paz.
_ Tivemos algumas ocorrências graves com violência, e estamos fazendo 30 anos. Então, unimos as duas coisas e fizemos um dia de "todos pela paz", para chamar a comunidade e pedir apoio, pois a escola sempre foi e deve continuar sendo um território neutro, onde se cultua a paz. Perceba que estão todos felizes e dentro do projeto. Conseguimos alcançar o nosso objetivo _ comemorou a diretora Lucia Martins, ao perceber o envolvimento de pais e alunos.
A manhã de atividades terminou com um abraço à escola. Os alunos de quatro a 15 anos personalizaram cartazes e encheram balões brancos. Mas o medo ainda está tão vivo entre os moradores que uma mãe acabou se assustando ao ver um aluno andando rápido com um cartaz enrolado nas mãos.
_ Menino, o que vai fazer com esse pedaço de pau aí? Ah, era só um cartaz. Meu Deus, eu aqui falando de paz na escola e de repente me assusto com um menino _ disse a mãe enquanto assistia a comemoração.
O ato pela paz terminou bem. Pelo menos na manhã desta sexta-feira, pais e alunos puderam retornar as suas casas em segurança.
_ Este abraço representa um pedido de segurança para o nosso colégio, para os alunos, professores e até para os moradores. O colégio está sendo ameaçado com a violência dos outros lá fora, está todo mundo sendo vítima. A gente não sabe se vai conseguir ir para casa e voltar para a escola amanhã _ concluiu uma aluna de 15 anos.