Quinta-feira, 17h30min, na Rua Ari Marinho, bem próximo à esquina com a movimentada Eduardo Chartier, no bairro Higienópolis, zona norte de Porto Alegre, uma mãe, acompanhada pela filha adolescente, dentro de um Honda Fit, aguarda o outro filho, que está por sair da escola. Sem que ela perceba, um homem aproxima-se da janela e, com uma arma, exige que ela entregue o celular. Sem reagir, Cristine Fonseca Fagundes, 44 anos, foi baleada na cabeça e tornou-se a 25ª vítima de latrocínio (roubo com morte) na Capital.
O crime ocorreu a poucos metros de uma escola infantil e quase em frente ao Colégio Dom Bosco, de onde sairia o filho de Cristine ao final de mais uma tarde de aula, e para onde correu, em pânico, a filha, após a mãe ser alvejada. Após o incidente, a direção informou pais e alunos que a escola não abrirá nesta sexta-feira, e as aulas só serão retomadas na segunda-feira.
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Os autores do crime (eram pelo menos dois, de acordo com o que apurou a polícia), seguiam pela Rua Ari Marinho, a partir da Coronel Feijó, realizando um ataque em série. Pelo menos outras duas vítimas haviam sido assaltadas por eles, entregando celulares.
Um caso a cada nove dias e meio em Porto Alegre
Embora Cristine estivesse em um carro, objeto preferencial dos autores de latrocínio (de acordo com a planilha do Diário Gaúcho, dos 24 casos anteriores na Capital, em 12 o objetivo era roubo de veículos), desta vez foi diferente.
– Deu para escutar ele (criminoso) gritando: "passa o celular, passa o celular" e, logo depois, deu para ouvir o tiro – descreveu uma pessoa que estava próxima ao local e pediu para não ser identificada.
O caso está sendo investigado pela 9ª Delegacia de Polícia (DP), com o apoio de outras DPs distritais. Na noite desta quinta-feira, cinco suspeitos foram detidos e ouvidos. De acordo com o delegado Alexandre Vieira, pelo menos um deles teria participado do crime. Outros dois já foram identificados.
– Saímos em busca e prendemos cinco suspeitos, sendo que um deles tinha um celular de uma das vítimas. Eles foram reconhecidos. Um deles já está preso e vamos indiciar por latrocínio – falou o delegado.
Em menos de oito meses, a Capital já registra 25 latrocínios neste ano. A média é de um assalto com morte a cada nove dias e meio. Em todo o ano passado, foram 23 casos, sendo 14 deles até 25 de agosto. Além dos 12 casos em que o objetivo dos assaltantes era o roubo de veículos, neste ano, nas demais situações, seis foram assaltos a pedestres, três a estabelecimentos comerciais, dois a residências, e o outro a ônibus.
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No Estado, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública, nos seis primeiros meses de 2016, foram 89 roubos que resultaram em morte, 35% a mais na comparação com 2015. Levantamento de Zero Hora mostrou que, se for mantido o ritmo do primeiro semestre entre julho e dezembro, o ano vai terminar com o recorde histórico de latrocínios desde que a SSP começou a fazer a contagem dos casos, em 2002.