A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre lavagem de dinheiro por uma quadrilha de tráfico de drogas que atuava na Serra gaúcha. São 15 pessoas indiciadas. O chefe da quadrilha, de acordo com a investigação, é Jeferson Neves Montanari, o Fera. Ele foi preso preventivamente em dezembro de 2015, durante a Operação Castelo de Areia. A investigação de dois anos o apontou como um dos principais traficantes de crack e cocaína de Caxias do Sul. A partir da prisão, o foco passou a ser no capital da quadrilha. A compra de carros e imóveis para a lavagem do dinheiro ilegal está estimada em cerca de R$ 2 milhões nos últimos cinco anos, de acordo com os investigadores.
Segundo o delegado regional Paulo Roberto Rosa, o objetivo é "descapitalizar a quadrilha". No inquérito, consta que Fera teve 34 carros nos últimos cinco anos e comprou nove imóveis. Os investigadores apontaram que, em 2010, ele utilizava um Vectra com valor de R$ 15 mil. Em 2014, passou a andar com uma Mercedes Benz, estimada em R$ 82 mil. A Polícia aponta ainda que Fera tinha uma empresa de fachada, a JM Guinchos, e que atuou como estagiário num escritório de advocacia. Entre os gastos localizados com a quebra de sigilo bancário, estão o pagamento da própria faculdade e da esposa, pagamentos de R$ 220 mil em loja de vestuário, construção e reforma de casas.
Apesar dos imóveis comprados, ele tinha diversos gastos com aluguel. De acordo com a investigação, era a forma de manter um padrão de vida mais elevado. No total, a tabela, chamada de "despesas diversas" pelos policiais, soma um gasto de aproximadamente R$ 685 mil.
O delegado Marcelo Grolli, responsável pela investigação, destaca que a quadrilha chefiada por Fera tinha como peculiaridade a organização. Ao lado do chefe, estava Marcos Antônio Domingues Pereira, apontado como o gerente de negócios. O inquérito também verificou a evolução patrimonial dele. Em 2009, andava em um Chevete de R$ 4.500. Seis anos depois, passou a usar um Tiguan, de R$ 75 mil. No período, também adquiriu um imóvel no valor de R$ 50 mil.
O inquérito de 1.400 páginas será remetido ao Judiciário nesta semana.