
O médico Rolf Praetzel Schaurich , 49 anos, que foi preso na última quinta-feira após 22 anos sem responder por um homicídio cometido em Joinville, foi solto na última segunda-feira, por volta das 21h30. Na sexta-feira, o Superior Tribunal de Justiça determinou a prescrição do crime cometido em 19 de junho de 1994, quando Rolf - à época, médico residente do Hospital São José - atirou contra o vigia Renato Coutinho, 29 anos, que morreu no local.
A decisão foi publicada pelo STJ na noite de sexta-feira, 24 de junho, apenas um dia depois da prisão de Rolf. Ele foi levado para o Presídio Estadual de Guaporé, cidade onde ele residia no interior do Rio Grande do Sul. O crime, julgado em primeira instância em 30 de julho de 2003, prescreveu em 30 de julho de 2015. Naquela ocasião, condenado em júri popular, ele havia sido sentenciado a oito anos e seis meses, mas recorreu e, em segunda instância, foi condenado a seis anos e seis meses, que é a pena mínima para homicídio. Com isso, o crime prescreveria após 12 anos.
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O promotor Ricardo Paladino, que havia feito a solicitação da prisão, lamenta o fato. Ele fez a solicitação em 3 de março, logo depois que o Superior Tribunal Federal mudou o entendimento sobre a possibilidade de um réu condenado na segunda instância da Justiça continuar recorrendo em liberdade: desde 17 de fevereiro, ele deve começar a cumprir pena na prisão, ainda que esteja recorrendo aos tribunais superiores.
- Em 15 anos de atuação, são raras as situações que presenciei de uma pessoa com recursos financeiros sentar em um tribunal de júri. Este foi um caso único, no qual por duas décadas não foram tomadas providências, e agora essa decisão nos dá um sentimento de frustração - afirma ele.
Segundo Paladino, Rolf conseguiu ficar em liberdade durante mais de duas décadas porque utilizou todos os recursos possíveis, entre apelações e embargos.
- Infelizmente, se aceitou isso nos Tribunais Superiores todos estes anos. É um dia muito triste para a minha carreira. Agora tenho certeza que a justiça não é igual para todos - lamenta o promotor.
Segundo o advogado do médico, André da Rocha Ferreira, a prisão de Rolf foi ilegal, uma vez que a prescrição já havia sido reconhecida, ainda que a decisão ainda não tivesse ganhado publicação.
- O decreto da extinção de punibilidade já foi feito. Ele foi preso por uma questão burocrática - avaliou o advogado.
Crime no estacionamento do hospital
Na época do homicídio, o crime chocou Joinville: aos 27 anos, Rolf Schaurich era médico residente no Hospital São José. Em 19 de junho de 1994, ele teria ido à boa Chamonix e deixado o carro no estacionamento do hospital, que fica na frente da boate. Ao retornar, por volta das 6 horas, o vigia José Carlos Paes chamou sua atenção por estar urinando no gramado do estacionamento.
Convencido a deixar o local por uma moça que o acompanhava, ele retornou mais tarde e começou a discutir com o vigia Renato Coutinho, que assumia o turno depois de José. Durante a briga, ele retirou um revólver do carro e atirado duas vezes contra Renato. Um dos disparos atingiu o tórax e causou a morte do vigia. Ele era casado e tinha duas filhas, de 4 anos e de 45 dias.
