O número de policiais feridos durante ações da Brigada Militar chegou a 197 em setembro de 2013. Disparos de armas de fogo, fraturas e contusões são as principais ocorrências. O número, se comparado à média mensal de 2012, caiu 16%. Ainda assim, há reclamações por parte dos servidores quanto a deficiências na segurança durante as ações.
¿Os brigadianos muitas vezes estão sozinhos, sem colete, sem armamento adequado, sem viaturas. A gente fica preocupado. E depois que acontece essa ocorrência ficam desamparados pelo estado¿, reclama o presidente da Associação de Cabos e Soldados da Brigada Militar, Leonel Lucas.
Ele critica a falta de coletes à prova de balas individuais, já que atualmente não há o item para toda a corporação. Segundo o Comando da Brigada Militar, a média está em dois coletes para cada três brigadianos. Uma licitação está em andamento para a compra de mais 1,1 mil, mas ainda não há prazo para a chegada das novas peças.
¿Além dos coletes normais, estamos fazendo testes com 280 coletes femininos, para aumentar a segurança e o conforto das policiais¿, relata o comandante da Brigada Militar, coronel Fabio Duarte Fernandes.
Armamento
Um caso lembrado pelos praças ocorre em operações de combate a quadrilhas organizadas, responsáveis por grandes roubos, como assaltos a bancos ou a carros fortes. Os policiais acabam combatendo bandidos com armas de maior poder ofensivo, como fuzis e metralhadoras.
O soldado Éliton Ricardo Borba Ilha sentiu na pele essa diferença. Ferido por um tiro de fuzil, na cidade de Barra do Ribeiro, em 2009, precisou de seis meses para se recuperar. Ele conta o que lembra da ocorrência.
¿O nosso intuito era não deixar eles levarem os reféns. Conseguimos, graças a deus. Só que eu fui atingido no local, depois fui para o hospital, fiquei um bom tempo afastado. Graças a deus eu consegui retomar as atividades¿.
Abono
Em abril, houve a aprovação de uma lei na Assembleia Legislativa que autorizou o pagamento de abono para agentes da segurança pública em licença. O texto prevê que apenas os servidores feridos durante ações devem receber o benefício. Segundo a Associação dos Cabos e Soldados, há 72 casos aguardando análise na Diretoria de Saúde da Brigada Militar. No entanto, a corporação relata que apenas sete estão em tramitação. Um deles, inclusive, será quitado na próxima folha de pagamento.
No momento, apenas uma pessoa recebe o abono. É o soldado Neivaldo Nondillo, ferido durante uma operação contra quadrilha que assaltou uma fábrica de joias em Cotiporã, na serra, em dezembro de 2012.
O valor definido em lei complementa o salário dos policiais, já que fora do batalhão eles deixam de receber vale-alimentação, horas extras, auxílio alimentação e até diferenças após a assunção de cargos superiores. Sem o abono, o pagamento encolhe cerca de 50%.
Gaúcha
Quase 200 policiais militares se feriram em combate no RS em 2013
Média é menor do que a registrada em 2012
Mateus Ferraz
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