O ato que acabou com a depredação do prédio do Museu Júlio de Castilhos e da Catedral Metropolitana, em Porto Alegre, ocorreu em 26 de setembro durante uma manifestação que iniciou pacífica. O inquérito da Polícia Civil foi entregue ao Judiciário uma semana depois. No entanto, o Ministério Público (MP) ainda aguarda documentos que podem embasar a denúncia.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, na manhã desta quarta-feira (13), a promotora da área criminal Carmem Conti afirma que o resultado da investigação que chegou até o MP não permite nenhuma ação do órgão no momento.
"O inquérito policial limitou-se a nos encaminhar a cópia do auto de prisão em flagrante. Pelo menos no que foi nos remetido, não houve maiores investigações. Não vieram depoimentos de testemunhas, imagens, documentos", relata.
Ela ainda aguarda laudos solicitados para o Instituto Geral de Perícias (IGP) sobre a depredação e os ferimentos sofridos por um policial que teria sido atingido por uma pedra.
Polícia Civil
Para o delegado responsável pelo inquérito, Paulo César Jardim, não houve problemas no envio das apurações, mesmo que pendentes de análises do IGP. Ele relata que os documentos já foram solicitados e, inclusive, um deles já foi concluído. O relatório que apresenta os danos ao Museu Júlio de Castilhos e à Catedral Metropolitana será remetido em seguida.
"Acho que a doutora (promotora Carmem Conti) está certa em dizer que não recebeu a materialidade. Por outro lado, ela poderia ter dito também que está acostumada a receber assim todos os dias. Isso por que os laudos podem demorar muito", conta.
Ele disse que os três professores indiciados por danos aos prédios históricos foram identificados e que não houve necessidade de novos depoimentos, além da oitiva de três policiais militares, um deles que acabou ferido por uma pedra durante o ato.
IGP
Além de pendências de perícias no caso de depredação do Museu e da Catedral, também há atrasos na finalização de outro caso. Após 44 dias do cumprimento de sete mandados de busca e apreensão em casas de militantes do PSOL, do PSTU e de anarquistas, suspeitos de participarem de atos de vandalismo em outro protesto, um computador apreendido ainda não foi analisado.
Segundo o diretor-adjunto do IGP, Paulo Leonel, há atrasos no trabalho do órgão devido à interdição do prédio onde funciona o setor que realiza as análises da área criminal. No entanto, ele promete que os atrasos serão extintos em breve.
"Nós estamos fazendo a mudança temporária para a sede da Secretaria de Segurança. Mas estamos indo, daqui a dois ou três meses, para um prédio locado no bairro Navegantes, zona norte, três vezes maior do que o prédio que usamos hoje na avenida Princesa Isabel", promete.
Ruídos
Os casos de depredação em Porto Alegre trouxeram uma situação incômoda na relação entre os delegados e o Piratini. Isso por que no início das investigações, o governador Tarso Genro declarou que poderia haver equívocos nas apurações da Polícia Civil depois do cumprimento de mandados de busca e apreensão na casa de militantes políticos. No entanto, os agentes negam que haja qualquer pressão política no resultado das investigações.
Gaúcha
MP critica inquérito referente depredações de museu e Catedral em Porto Alegre
Insuficiência de provas é o principal motivo alegado para atraso na conclusão do caso
Mateus Ferraz
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