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Assim como a gravidez, o período de amamentação pode gerar diversos receios e incertezas nas mulheres, principalmente por se tratar de um tema cercado de mitos e crenças populares. Para estimular e destacar a importância do aleitamento materno, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) criou em 2017 a campanha Agosto Dourado.
Em referência a esse mês, GaúchaZH esclarece uma das dúvidas mais recorrentes sobre o assunto, respondendo se a alimentação da mãe pode ou não provocar cólicas no bebê por meio da amamentação.
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De acordo com Cristina Medina de Melo, médica neonatologista coordenadora do Centro Materno Infantil do Hospital Divina Providência, a maioria das mulheres pergunta o que precisa comer para que o bebê não tenha cólicas. No entanto, ela afirma que esses incômodos não têm relação direta com a alimentação da mãe:
— As cólicas são comuns nas primeiras semanas de vida e geralmente estão relacionadas ao amadurecimento gastrointestinal e à colonização do intestino. Normalmente, desaparecem até o quarto mês de vida do bebê.
Jéssica Kawka, nutricionista especialista em cuidado materno-infantil, com enfoque em amamentação, explica que o leite materno é formado a partir do sangue da mãe e que o que chega até o sangue são os nutrientes dos alimentos consumidos.
— Esses nutrientes não geram gases, então não são eles que vão aumentar as cólicas do recém-nascido. Os alimentos mais citados como causadores de cólica no bebê são o feijão e o brócolis, por exemplo, porque geram gases, mas isso fica apenas no intestino da mãe, não chega até o sangue, logo não gera efeito nenhum no bebê — esclarece.
Segundo as especialistas, a cólica é um processo natural e, por isso, todos os recém-nascidos têm – alguns com mais intensidade, outros com menos. Porém, Cristina salienta que esse período provoca ansiedade na família e que, se as cólicas são muito persistentes depois dos quatro meses, é preciso investigar outras causas:
— Existe intolerância ou alergias a determinados alimentos. Então, se as cólicas persistirem após os primeiros meses, é importante investigar.
A mãe deve ter alguma restrição na alimentação?
Alguns alimentos ricos em cafeína – como café, Coca-Cola, chimarrão e chocolate – quando consumidos em excesso, podem atingir o bebê, provocando alguma irritabilidade ou deixando-o mais agitado. Por isso, é necessário ter um pouco mais de atenção ao consumi-los, já que muitas vezes essa agitação é confundida com a cólica.
As especialistas ressaltam que a mãe não precisa ficar restrita a nenhum alimento específico, mas que é de extrema importância manter uma alimentação saudável, evitando o consumo excessivo de produtos industrializados.
— Isso é pensando na qualidade de vida dessa mulher, porque o leite materno vai ser sempre adequado nutricionalmente para o bebê, não importa qual seja a alimentação da mãe. Ela não precisa adicionar novos alimentos para fortalecer o leite, isso também é boato. Ela precisa ter uma alimentação saudável e balanceada pensando na saúde dela — enfatiza a nutricionista.
Como lidar com as cólicas?
Durante os períodos de cólicas, não é recomendado dar chás ou medicamentos aos bebês. A orientação é pegar o recém-nascido no colo, colocar uma compressa morna na barriga ou dar um banho morno, pois aquecer a região ajuda a melhorar a dor.
Cristina também sugere colocar o bebê de bruços ou fazer movimentos com as pernas. Outra alternativa é fazer uma massagem em sentido horário na barriga. Caso a cólica persista por muito tempo, deve-se marcar uma consulta com o pediatra.
— Um recém-nascido é 100% dependente da mãe e do pai, então uma das coisas que ajuda bastante é colo, peito e afeto. Quanto mais esse bebê se sentir acolhido e protegido, mais ele vai ter forças para enfrentar esse período de cólicas — finaliza Jéssica.
Produção: Jhully Costa