
A chegada do inverno aumenta os riscos de surgimento de doenças respiratórias. Mas você sabia que a diminuição da temperatura também está relacionada com um maior número de casos de problemas de circulação sanguínea, que podem culminar até em um infarto? Aqui, explicamos por que isso acontece e como se proteger.
Por que há mais risco de enfartar nas baixas temperaturas?
Uma temperatura em torno de 37°C é fundamental para o bom funcionamento do organismo. O corpo humano tem vários mecanismos para manter o calor, sendo uma delas a vasoconstrição, que é a contração dos vasos sanguíneos – veias e artérias –, o que dificulta a circulação do sangue.
Quando está frio, o sistema nervoso ativa essas defesas para a manutenção da temperatura corporal. Dessa forma, o clima característico do inverno pode funcionar como um catalisador para problemas de circulação sanguínea, já que provoca a contração dos canais por onde o sangue passa. Se a reação do organismo for muito aguda, ou se os vasos sanguíneos já tiverem algum tipo de obstrução parcial, essa reação pode culminar em um infarto.
O infarto é a obstrução total de um vaso sanguíneo, que tem como resultado a morte das células após o fechamento arterial. Pode ocorrer em qualquer veia ou artéria e é especialmente perigosa quando ocorre em um vaso que irriga um órgão. Os mais conhecidos são o infarto agudo do miocárdio, popularmente chamado de ataque cardíaco, e o acidente vascular cerebral isquêmico.
A partir de quando o frio passa a ser um inimigo?
Essa é uma pergunta à qual a comunidade científica ainda não conseguiu resposta. No entanto, segundo dados do Instituto Nacional de Cardiologia, casos de infarto podem aumentar em até 30% em temperaturas mais baixas. De acordo com o cardiologista Carlos Delmar do Amaral Ferreira, membro da Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul (Socergs), existem inúmeros estudos observacionais que mostram um aumento do risco a cada queda de 10°C nos termômetros nas regiões mais frias. Por exemplo, de 20°C para 10°C ou de 10°C para 0°C.
Sintomas
O principal sintoma de infarto é uma dor na região do peito, próximo do coração. Essa dor pode irradiar para áreas próximas, como pescoço, mandíbula e braços, provocando formigamento e ardência. Outras sinais são náusea, sudorese e tontura. Diante desse quadro, recomenda-se a procura imediata de atendimento médico.
Fatores de risco
Diversos problemas de saúde e hábitos pessoais podem aumentar as chances de um acidente circulatório. Em caso de colesterol alto, diabetes e hipertensão, o cuidado com os sintomas de infarto devem ser ainda maiores. Tabagismo, sedentarismo e uma dieta inadequada também são vilões para o bom funcionamento do sistema circulatório.
Preste atenção: não deixe de ir ao médico
Por todo o mundo, a comunidade médica está preocupada com a diminuição da procura por atendimento devido ao medo de contágio pelo coronavírus. Ferreira afirma que não há local com menos risco de contaminação do que os hospitais e que, com o aparecimento de qualquer indício de problemas circulatórios, a recomendação é buscar uma unidade de saúde.
Produção: Állisson Santiago
Fonte: Carlos Delmar do Amaral Ferreira, cardiologista diretor de comunicação da Socergs