As mensagens com recomendações para ajudar pacientes com infarto são bastante difundidas nas redes sociais. Em algumas publicações, fala-se até em salvação para o caso de pacientes que forçarem a tosse ou respirarem fundo, enquanto a emergência não chega.
Conforme a mensagem a seguir, os cardiologistas recomendam o massivo compartilhamento da publicação:
“Muitas pessoas estão sozinhas quando infartam. Sem ajuda, a pessoa cujo coração está batendo irregularmente começa a sentir-se fraca e tem apenas 10 segundos antes de desmaiar. Entretanto, estas vítimas podem se ajudar tossindo repetidamente com bastante força! Você deve respirar bem fundo antes de cada tossida e a tosse deve ser forte e prolongada, vindo do fundo do peito. Uma inspiração e uma tosse devem ser repetidas a cada 2 segundos sem parar, até que chegue ajuda ou que você sinta que o coração está batendo normalmente. As inspirações profundas trazem oxigênio para os pulmões e os movimentos de tossir bombeiam o coração e mantêm o sangue circulando. Essa pressão no coração também faz com que ele volte a bater normalmente e dessa maneira a vítima tem tempo de chegar a um hospital”.
Cardiologista e professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Domingos Vitola, afirma:
— A respiração profunda não traz benefícios ao paciente com infarto. A primeira coisa a ser feita é procurar uma emergência.
O infarto, diz Vitola, caracteriza-se pela dor forte e persistente no peito. Mas a dor pode ser sentida nas costas, no queixo e no pescoço, com curtos períodos de intervalo.
Flávio Fuchs, professor e chefe de cardiologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, alerta que a dor no peito ainda pode ocorrer nos dias anteriores a um infarto. Chamada de angina pré-infarto, é semelhante a queimadura, soco, facada, entre outras descrições por pacientes.
— É importante que as pessoas entendam que essa dor, em quem nunca teve problema cardíaco, não é aquele desconforto de quando estende a roupa no varal ou executa uma atividade rotineira. A dor do pré-infarto é aquela que, quando a pessoa caminha, sobe escada, precisa parar — afirma.
Conforme o médico, em caso exclusivo de infarto, não adianta tossir, mas, sim, procurar o hospital para melhor atendimento. Outro esclarecimento: o infarto não deixa a pessoa fraca, com possibilidade de desmaio.
— O que pode causar tontura é a arritmia cardíaca — diz Fuchs.
Pessoas com pressão alta, fumantes, com histórico de infarto na família ou diabetes estão mais propensas a terem problemas cardíacos. Domingos Vitola alerta para os infartos acompanhados de arritmia, quando há palpitações no coração, aceleração ou paradas cardíacas rápidas. Segundo o médico, nesse caso específico, a tosse vigorosa pode manter o paciente acordado até chegar ao hospital:
— Se não funcionar, ainda é possível que seja dado um murro no peito do paciente.
Flávio Fuchs acrescenta:
— Quando ocorre fraqueza e tontura, é provável que o paciente não tenha força para fazer esses movimentos (tosse e respiração profunda). Sempre que houver desconfiança de infarto acompanhado de arritmia, deve-se deixar a pessoa deitada de lado enquanto agiliza o atendimento hospitalar.Em geral, a primeira reação na ocorrência de um desmaio é sentar a pessoa, no intuito de ajudar. Porém, o correto é deixar deitada de lado e chamar socorro. A oxigenação do cérebro mantém a estabilidade enquanto a pessoa aguarda atendimento deitada.