O leite materno é o alimento mais completo para bebês de até seis meses de vida. Além de hidratar e fornecer os nutrientes necessários para o desenvolvimento da criança, a amamentação é reconhecida por fortalecer o vínculo entre mãe e filho. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), outra vantagem do leite materno é a redução no risco de infecções gastrointestinais nos pequenos e perda de peso mais rápida nas mulheres.
Embora a composição do alimento materno – constituído por proteínas, carboidratos, gorduras e micronutrientes – seja única e imprescindível para o crescimento infantil, há situações em que o amamentação não pode ser realizada. Mulheres infectadas por HIV, HTLV, hepatites B e C, usuárias de drogas ou com produção insuficiente de leite são alguns desses casos. Nesses momentos, a solução pode estar nas fórmulas infantis, produtos feitos geralmente a partir do leite de vaca.
– O objetivo é suprir a necessidade de um bebê quando ele não mama no peito – explica a nutricionista Julia Melnick.
Desenvolvidas na tentativa de reproduzir o leite materno, as fórmulas têm quantidades de proteínas, carboidratos, gorduras e micronutrientes dosadas de acordo com as necessidades de cada faixa etária, inclusive de prematuros. Mas, apesar de atenderem as exigências nutricionais básicas da criança, elas não são tão completas quanto o aleitamento.
– As fórmulas não são capazes de copiar a parte imunológica do leite humano. São enzimas e anticorpos que a indústria não consegue adicionar – afirma o nutrólogo pediátrico do Hospital Israelita Albert Einsten Artur Figueiredo Delgado.
Um produto para cada criança
A utilização das fórmulas só pode ser feita sob recomendação médica. Cabe ao profissional avaliar a melhor composição de acordo com as necessidades e a faixa etária do bebê, bem como orientar a dosagem ideal do produto.
Prematuros, por exemplo, precisam de um alimento específico, rico em proteínas e vitaminas. Depois, há as chamadas fórmulas de partida, recomendadas até os seis meses de vida, com elementos suficientes para o período em que o bebê cresce em velocidade maior. Dos seis meses ao primeiro ano de vida, são indicadas as de seguimento. Todas têm uma proporção de cada macro e micronutriente específico para a idade da criança e regulado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Passado o período inicial, as fórmulas deixam de ser tão necessárias:
– O uso após um ano de vida é bem restrito e depende da avaliação do pediatra – destaca o nutrólogo Artur Figueiredo Delgado.
Casos especiais como alergias, intolerâncias e até regurgitação frequente também podem ser atendidos por esses produtos. No mercado, há opções de fórmulas à base de soja, arroz ou mesmo com leite de vaca processado.
– Para alérgicos, a indústria oferece alimentos com a proteína extensamente hidrolisada, ou seja, que teve o macronutriente quebrado em mais partes, o que a torna menos alergênica. Intolerantes podem usar as de soja, apesar de ela não ser indicada antes dos seis meses de vida – afirma a presidente do Departamento Científico de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Virgínia Weffort.
Embora as fórmulas sejam produzidas à base de leite de vaca, isso não significa que ele seja recomendado para os bebês. Antes de chegar nas mamadeiras, a matéria-prima passa por diversos processos, que dosam os nutrientes do leite, seguindo um padrão pré-determinado, o que não acontece com o derivado animal. O leite de vaca oferece muito mais proteína do que as necessidades do primeiro ano de vida da criança. Isso pode provocar sobrecarga renal e predispor à obesidade.
Outro ponto importante é que as fórmulas ofertam, sozinhas, tudo o que os pequenos precisam. Segundo Virgínia, um erro bastante comum dos pais é adicionar cereais ao alimento:
– Não pode acrescentar nada, pois isso leva à obesidade.
Como preparar
Além de seguir as orientações do pediatra, os pais devem ficar atentos à forma como o alimento será preparado. Normalmente, ele deve conter uma dose para cada 30ml de água.
– Deve-se aquecer a água a 70°C e diluir a fórmula. Depois, esperar esfriar para oferecer ao bebê – ensina a pediatra Virgínia Welffort.
Lembre-se de que o líquido não deve ser reaproveitado. A nutricionista Julia Melnick reforça que, se sobrar algo na mamadeira, deve ser descartado.
Preços
Como a oferta desse tipo de produto é maior atualmente, os preços tendem a ser melhores. Entretanto, Artur Figueiredo Delgado lembra que nada é mais barato e prático do que o aleitamento materno:
– O melhor caminho é estimular a amamentação. Seria importante, também, uma visão governamental adequada da nutrição no primeiro ano de vida, que são os chamados mil dias, que vão desde a nutrição da gestante até os primeiros dois anos de vida da criança.
Cuidados na compra
- Leia sempre a quantidade de proteína
- Verifique a data de validade
- Confira se o lacre não está violado