Por que fazer dieta parece fácil e mudar de hábito é tão difícil? Vamos começar pelo começo. Se, por qualquer razão, precisamos mudar a alimentação, isso significa que o que foi feito até agora não estava bom, às vezes, até estava péssimo.
Se você está doente ou cansado, sem resultados esperados, significa que precisa mudar. Não culpe a genética! Claro que, muitas vezes, ela pode contribuir para o surgimento de alguma disfunção, mas o que observo é que o ambiente em que o indivíduo vive, incluindo a alimentação, é que gera o desequilíbrio.
Mesmo com uma predisposição, muitas pessoas que se cuidam não apresentam quadros de obesidade ou hipertensão, por exemplo. Mesmo que faça parte da história familiar. Péssimos hábitos alimentares podem ser tão prejudiciais quanto a herança genética.
Voltando à questão inicial, fica claro que hábitos são fundamentais para os resultados. E, se os resultados não estão satisfatórios, precisamos rever a rotina.
Iniciar uma dieta é fácil, o indivíduo se motiva por um determinado período, visando a um determinado resultado, altera a rotina na expectativa de sucesso. Faz restrições até inadequadas, sonhando com o sucesso, se possível rápido, pois é o tempo que vai durar a motivação. Sempre tem uma roupa apertada esperando por uma certa ocasião.
Portanto, fazer dieta dá para tolerar por um certo tempo. Até a primeira frustração, seja por ter de criar uma nova rotina, fazer compras de produtos frescos com maior frequência, abrir mão de consumir alimentos não saudáveis na frequência que gostaria, deixar de beber quatro ou cinco vezes por semana, entre outros. Renunciar a algo em prol de uma vida melhor, seja às churrascadas frequentes e exageradas, seja aos alimentos que sempre consumiu. Nesse momento, precisamos de uma motivação maior do que a roupa para usar na festa, algo como a qualidade de vida, mas que não é tão palpável nem tão rápido de obter.
Abrir mão de uma satisfação imediata que o alimento pode dar, pensando no resultado duradouro, não parece tão atrativo e, como atualmente tudo tem de ser muito rápido, deixamos os cuidados para outro momento, e outro. Como se sempre tivéssemos tempo para não ter consequências.
Mudar de hábito requer renúncia, tolerância à frustração de ter que abrir mão de velhos costumes, apropriar-se da nova rotina, fazer as próprias escolhas e não apenas sucumbir às ofertas e, muitas vezes, dizer não, obrigada! Posso, mas não devo.
Não dá mais para usar a desculpa de que "o outro insistiu tanto para eu comer, não podia fazer uma desfeita dessas".
Não convence mais.
Enquanto quisermos respostas mágicas, continuaremos buscando dietas milagrosas. Mas quando quisermos viver bem, as escolhas são mais difíceis, mas menos radicais e mais duradouras. A satisfação também dura mais!