Uma substância que promete a cura milagrosa de todos os tipos de câncer colocou os médicos brasileiros em estado de alerta nas últimas semanas. Dispostos a agarrar qualquer esperança, pacientes começaram a abandonar os tratamentos tradicionais e a colocar a saúde em risco para usar a droga, jamais testada e de efeitos colaterais imprevisíveis.
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Para complicar o cenário, decisões judiciais amparadas por liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) passaram a garantir o acesso à substância a centenas de pessoas. Além de assustar os especialistas da área, a situação alarmou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), responsável por aprovar medicamentos no país. A entidade ressaltou que a segurança e a eficácia do produto não foram avaliados.
A febre em torno da droga, conhecida como fosfoetanolamina, alastrou-se com rapidez, transmitida principalmente por notícias sobre sua suposta eficiência e por comentários nas redes sociais. No começo do mês, a Assembleia Legislativa gaúcha chegou a homenagear os cientistas que a desenvolveram.
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O pesquisador André Fay, professor de oncologia na Faculdade de Medicina da PUCRS, afirma que 100% de seus pacientes vieram questioná-lo sobre a substância nos últimos dias. Entre colegas, ele recolheu relatos de doentes que abriram mão de tratamentos seguros para abraçar as promessas sem fundamento da substância.
Saúde
Médicos contestam medicamento "milagroso" para tratar câncer
Pacientes se agarram à promessa de cura por droga não testada e arriscam a vida abandonando as terapias convencionais
Itamar Melo - de Capão da Canoa
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