Os pais geralmente são culpados, direta ou indiretamente, quando os filhos, sejam crianças ou adolescentes, tornam-se viciados em eletrônicos. Vários especialistas sugerem aos pais maneiras de evitar ou corrigir o problema antes que ocorram danos irreparáveis, depois de terem constatado que o excesso digital pode prejudicar o crescimento social, emocional e intelectual dos jovens.
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- Quase tudo pode ser revertido e, quanto mais cedo, melhor - afirma Catherine Steiner-Adair, psicóloga afiliada à Universidade de Harvard.
A terapeuta familiar Susan Stiffelman escreveu no Huffington Post: "Os pais de hoje não estão preparados para lidar com o fascínio intenso e a natureza altamente viciante do mundo online. Assim, temos de aproveitar a oportunidade para lhes ensinar hábitos que os ajudem a usar o mundo digital, e não ser engolido por ele".
Catherine Steiner-Adair, autora de The Big Disconnect: Protecting Childhood and Family Relationships in the Digital Age (A Desconexão Vital: Como Proteger a Infância e as Relações Familiares na Era Digital), cita dois comportamentos comuns aos pais que podem influenciar, e muito, na tendência do filho a abusar da tecnologia: o fato de eles próprios estarem perpetuamente atentos, respondendo a cada toque do celular ou tablet, recebendo e enviando mensagens em situações que beiram a grosseria e falta de modos e a incapacidade de estabelecerem e policiarem regras de uso adequado para os filhos.
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As crianças pequenas aprendem por meio de exemplos, geralmente copiando o comportamento dos adultos. Para Catherine, os pais deveriam pensar duas vezes antes de usarem o telefone quando estiverem com os filhos - e sugere que chequem suas mensagens antes de as crianças levantarem, quando estiverem na escola ou antes de irem para a cama.
Uma garota, entre as mil que ela entrevistou enquanto preparava seu livro, disse:
"Eu tenho a impressão de ser um estorvo, de não ser interessante porque meu pai faz questão de ler todas as mensagens e atender todos os telefonemas, o tempo todo, até no teleférico". Outra, de quatro anos, chamou o smartphone do pai de "telefone idiota".
As horas de prestar atenção
Jenny S. Radesky, pediatra do Centro Médico de Boston que, com dois colegas analisou 55 grupos de pais e filhos em restaurantes de fast-food, notou que, em 40 deles, os adultos sacaram o celular assim que se sentaram. Na verdade, geralmente prestavam mais atenção nele do que nas crianças.
A pesquisa também descobriu que, enquanto os pais estão absorvidos com os próprios aparelhos, a probabilidade de as crianças não se comportarem é maior, aparentemente na tentativa de chamar a atenção. Jenny comenta: "É especialmente preocupante a falta de atenção dos pais nos filhos em momentos extremamente importantes do dia, como no caminho da escola, por exemplo. A hora da saída do colégio é um momento crucial, é quando os pequenos têm a chance de fazer um balanço do dia".
E nem os pais, nem os filhos deveriam ficar ligados no telefone quando a família sai para comer fora: "A arte de fazer a conexão entre um prato saboroso e uma conversa leve e interessante está se perdendo, não só nos restaurantes, mas em casa também".
Para Susan Stiffelman, autora de Parenting With Presence (Ser Pai Presente), as tentativas de mudança do comportamento digital podem encontrar resistência: "Reconheça que seu filho está chateado sem fazer sermão nem justificar o porquê de não poder ter/fazer o que quer. Para se transformar num adulto equilibrado, a criança tem de enfrentar decepções. É perfeitamente normal ela ficar furiosa, entediada ou ansiosa por não poder trocar ideias com os amigos online o tempo todo".
Susan recomenda: "Os pais devem bolar atividades para fazer com que os filhos saibam que são dignos de atenção e dedicação. Fazer coisas juntos reforça os laços familiares".
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