Luvas vermelhas foram escolhidas para destacar o figurino preto que elas usam para dançar kizomba - ritmo originário de Angola. Vítimas de câncer, as mulheres do grupo OncoDance acompanham com o olhar cada movimento delicado feito pelas mãos que se entrelaçam ao final da coreografia, simbolizando uma causa: dançar para viver melhor.
- Depois de receber o diagnóstico de câncer, muitas mulheres perdem a vontade de seguir em frente e passam a não existir mais. Mas a dança mostra que é possível ter qualidade de vida mesmo em tratamento - diz a pedagoga Sonia Maria Melnik, vítima de câncer de pâncreas, que participa do grupo desde a primeira aula.
Motivada pela pesquisa que mostrou como a dança interfere na qualidade de vida da mulher com câncer de mama, realizada pelo Laboratório de Bioética do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Cristina Soares Melnik deu continuidade aos estudos na área e os estendeu para mulheres com qualquer tipo de câncer. Graduada em Psicologia e especialista em dança, a professora descobriu que essas mulheres poderiam ter a percepção da dor diminuída com a ajuda de movimentos corporais, o que poderia resgatar o bem-estar durante e após os tratamentos.
- O câncer e as formas de tratar estão relacionados a muitas perdas, como a do cabelo, que prejudica a autoestima. Por meio da dança, é possível resgatar a confiança e a qualidade de vida das mulheres - afirma a psicóloga.
Em 16 de outubro de 2014, Cristina orientou, no Teatro Hebraica, a primeira aula da oficina gratuita para mulheres que já tiveram ou têm câncer. As aulas voluntárias, ministradas em espaços cedidos, foram divulgadas em jornais e no Facebook e, no mesmo mês em que a iniciativa foi idealizada, os primeiros convites para participar de eventos e mostras de dança começaram a surgir.
A falta de patrocínio não desestimulou as alunas, que abraçam as despesas para poder compartilhar a terapia da dança com mais pessoas.
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