
Com o objetivo de divulgar informações e combater o preconceito contra as pessoas que convivem com a epilepsia, associações de pacientes trouxeram para o Brasil a campanha mundial Purple Day, o Dia Lilás. O dia D da causa é nesta quinta-feira, 26 de março, mas a semana toda está sendo marcada por ações que chamam a atenção para a epilepsia.
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Crises de epilepsia de difícil controle afetam os dois lados do cérebro
A campanha, de origem canadense, está colorindo de roxo a iluminação de prédios importantes, como o Congresso Nacional, a Universidade de Campinas, a sede da Federação da Indústrias do Estado de São Paulo, entre outros. Segundo o embaixador da campanha no Brasil, Eduardo Caminada, a mobilização é uma forma de chamar a atenção para a causa e informar a população sobre a epilepsia.
- É um trabalho de formiguinha contra o preconceito. Com informação, as pessoas vão entender o que é a epilepsia, o preconceito só existe por falta de informação - disse Caminada.
Condição neurológica que atinge de 1% a 2% da população brasileira, a epilepsia pode se manifestar em qualquer idade, mas costuma apresentar a primeira crise, com maior frequência, em crianças com menos de dois anos.
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Alessandra Freitas, neurologista infantil e do adolescente, explica que as crises de epilepsia são ocasionadas por descargas elétricas anormais no cérebro, "uma atividade cerebral errada". Em alguns casos, a pessoa nasce com essa condição, em outros, ela pode ser ocasionada por lesões e por síndromes, entre outros fatores.
A duração da epilepsia também varia. Em algumas pessoas, desaparece na adolescência, em outras tem que ser controlada por medicamentos por toda a vida. Em 80% dos casos, o paciente pode ter uma vida normal, usando a medicação.
De acordo com a especialista, o sintoma da crise depende da área cerebral envolvida, tem início súbito e cessa espontaneamente ou, quando muito prolongada, com o uso de remédios. Essas crises podem durar segundos ou poucos minutos e se manifestar de formas diferentes. Depois que passa, a pessoa não tem consciência do que aconteceu.
Segundo a presidente da Federação Brasileira de Epilepsia, Carolina Doretto, o diagnóstico é primariamente clínico, mas posteriormente são necessários exames.
- É importante o paciente ou o familiar fornecer para o médico todas as informações de como é a crise, se tem horário especifico, quanto dura, quantas vezes ao dia e ao mês - explica.
De acordo com Carolina, a rede pública de saúde oferece uma boa gama de medicamentos para a doença. Porém, em cerca de 20% dos casos o paciente não consegue evitar as crises com remédios e, algumas vezes, é preciso uma intervenção cirúrgica. Segundo ela, embora a tecnologia avance, com medicamentos mais adequados e mais capazes de controlar as crises, o preconceito permanece.
- Avança tudo, mas não avança na quebra do preconceito. As crianças são discriminada na escola, a família superprotege ou renega a criança, o adulto não consegue acesso ou permanência no mercado de trabalho. Nisso ainda temos que avançar muito - afirma Carolina.
*Agência Brasil