De cada 100 fraturas de face em crianças no país, 95 ocorrem na faixa etária entre seis e 13 anos de idade, de acordo com o cirurgião buco-maxilo-facial Sylvio de Moraes, chefe do Serviço de Cirurgia Crânio-Maxilo-Facial do Hospital de São Francisco da Penitência.
O dado faz parte de um levantamento sobre trauma facial em crianças brasileiras que será apresentado e discutido por especialistas durante o Congresso Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, que iniciou ontem e se estenderá até o próximo dia 24, na capital fluminense.
Moraes informa que um percentual menor de traumas é registrado entre crianças até cinco anos de idade porque, em geral, nessa fase elas estão muito próximas dos pais. Isso porque são muito mais vigiadas, normalmente ainda não estão em escolas e, por isso, são naturalmente mais cercadas de zelo.
Da onde vêm os acidentes?
Segundo Moraes, 35% dos traumas de face decorrem de acidentes domésticos, que acontecem dentro de casa, como quedas de pequenas alturas, como da cama, do beliche, do sofá, do velocípede ou da bicicleta.
Já a violência externa, a maioria resultado de atropelamentos, representa 20%. A estatística mostra, ainda, que 15% das fraturas de face provêm de colisões de veículos - percentual que melhorou com o uso da cadeirinha e do cinto de segurança nos carros.
Já 10% dos traumas são quedas atípicas que acometem mais as crianças de famílias pobres, envolvendo quedas de laje, de tanque ou de muro, mostra o estudo. Os 20% restantes englobam fraturas causadas por agressão, acidentes com armas de fogo, quedas de varandas e escadas, acidentes em elevadores e de motocicleta, nos quais a criança é transportada sem a proteção adequada.
Moraes esclarece que, embora 65% da totalidade das fraturas de face ocorram fora de casa e 35% dentro das residências, na distribuição percentual, a causa de maior expressão é o acidente doméstico. Os especialistas mostram preocupação com o aumento de traumas de face em crianças verificado nos últimos anos.
A época de férias, quando os pais estão mais relaxados com os filhos, cria uma atmosfera de risco. Outro fator que contribui para o crescimento dos casos de fraturas é a vida cotidiana que tem imposto às mulheres um peso grande na sociedade. Segundo o levantamento, crianças que ficam mais tempo sem a presença dos cuidadores maternos estão mais expostas a acidentes.
- A mulher é multitarefa. É mãe, é esposa, é funcionária, chefe, dona de casa. O que ocorre é que as mulheres têm saído mais cedo para trabalhar e as crianças têm ficado mais com cuidadores - afirma o especialista.
Saiba como proceder nesses casos
Para eventuais casos de traumas de face, a recomendação de Moraes é que os pais, ao chegarem com os filhos em um hospital, solicitem o atendimento de um especialista buco-maxilo-facial, porque isso pode contribuir para a recuperação das crianças sem sequelas. Na maioria das vezes, crianças nessa situação são encaminhadas para pediatras que não têm formação cirúrgica ou não detêm conhecimento nessa área, que é especializada.
- A avaliação de um cirurgião buco-maxilo-facial é fundamental e, sempre que for possível, a estratificação do trauma deve ser acompanhada por exames de imagem específicos, como a tomografia - sugere.
Moraes ressalta, ainda, que o trauma de face de uma criança requer uma força muito maior do que as fraturas que ocorrem em um adulto, já que os ossos da criança são mais resilientes, ou seja, mais macios. Por isso, ele explica que não é frequente que traumas de baixa energia causem fraturas nos pequenos.
Atenção aos acidentes
Traumas faciais atingem principalmente crianças entre seis e 13 anos
Maioria dos acidentes ocorrem dentro de casa, como quedas da cama, do sofá ou da bicicleta
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