O meu sonho é correr. Mas... Aí, vem a sequência de desculpas. "Não tenho tempo", "fiz uma cirurgia no joelho", "minha coluna é toda torta", "tô muito velha", entre outras tantas frases que soam como uma chorumela incansável.
Realmente, tem gente que foi proibida pelo médico de praticar atividades de impacto ou de alta intensidade. Porém, uma grande parcela (a maioria, diga-se de passagem) coloca empecilhos pelo simples fato de que não se imagina saindo do sedentarismo sem uma dor lancinante. O perfil do famoso sofredor por antecipação.
Vamos aos fatos. Conheci mais de uma dezena de pessoas que começaram a correr após os 50 anos. Ou estavam obesas, ou eram fumantes, ou tinham depressão ou alguma doença nada simples, como hipertensão e diabetes. Mas queriam muito correr. O que fizeram? Consultaram médicos especialistas em esporte (e não aqueles que não entendem de atividade esportiva e dizem que a tartaruga vive tanto porque é vagarosa), informaram-se, buscaram grupos de corrida e se uniram àqueles que acreditam no poder da força de vontade, da disciplina e da perseverança. Hoje, são pessoas muito mais ativas e felizes.
Um dos caras que mais admiro nesse esporte, o gaúcho Carlos Roberto de Oliveira, o Carlão (que venceu a Maratona de Nova York), é cadeirante. Poderia ficar se queixando, preso a uma cadeira de rodas. Mas não: ele acredita que é capaz e não se contenta com pouco. Sempre tem desafios, treinos a cumprir e metas a bater. É uma pessoa com objetivos e convicções claras. Não veio ao mundo para passear a 5 km/h. Ele quer "voar" a mais de 20 km/h.
Correr de verdade significa muito mais do que calçar um tênis e sair por aí trotando. O que está por trás desse lindo esporte é, essencialmente, um estilo de vida. Só quem está disposto a modificar hábitos e passar por cima de preconceitos entende o que estou falando.
Se você já pensou em correr, pense mais seriamente. Converse com quem pratica o esporte há mais tempo, ouça suas histórias, pesque dicas. Procure treinadores que vão entender suas limitações e orientar sobre como iniciar os treinos e evoluir, até chegar ao seu objetivo: seja correr cinco, 10, 21, 42 quilômetros ou até mais. Quem disse que você não pode ser um ultramaratonista?
Felizmente, não param de surgir pessoas que transformaram sua maneira de viver com a corrida e, assim como eu, são grandes incentivadores desse esporte tão democrático e encantador. Um maldoso ditado diz que, se conselho fosse bom, não seria de graça. Mas esse eu dou, sem medo de errar: vá correr!
Coluna Minha Vida Em Movimento
Daniela Santarosa: Desculpas para não correr
Mais do que apenas um esporte, correr é um estilo de vida
GZH faz parte do The Trust Project
- Mais sobre: