Embora o número de ocorrências de Acidente Vascular Cerebral (AVC) no Estado seja preocupante - em Porto Alegre e na Região Metropolitana, são pelo menos 4 mil casos por ano -, um trabalho considerado modelo, a Linha de Cuidado do AVC, surte efeito direto no combate à doença.
Seis meses após o lançamento de campanha nacional encabeçada pelo Ministério da Saúde, em 2011, a mortalidade de 1.092 pessoas na capital gaúcha já havia apresentado redução de 8%.
Popularmente chamada de derrame, a enfermidade que atinge tanto jovens quanto idosos é a segunda que mais mata no país - atrás apenas do infarto. Cerca de 100 mil vidas são perdidas por ano. Quando o AVC não mata, deixa danos irreversíveis, como a paralisação de um dos lados do corpo. Por isso, o melhor tratamento ainda é a prevenção, alertam especialistas. E a principal arma de combate, o pronto atendimento de emergência.
Atacando nestas duas frentes, o Brasil integra a campanha mundial de combate ao AVC - a 1 em 6, na qual é feita alusão aos dados de que a cada seis pessoas, uma terá a doença. A bandeira do país para este ano foi lançada em congresso mundial, realizado em Brasília, com a presença do Ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Com o slogan 1 em 6 - AVC...Eu me importo, a ação mantém o alerta de 2011 e reforça o novo tema da importância dos cuidados pós-derrame, explica a neurologista Sheila Martins, presidente da ONG Rede Brasil AVC.
Essa campanha, por outro lado, mostra também que as discussões de especialistas já vão além do mantra prevenir. Os debates estão mais centrados nas possibilidades de melhora de vida das pessoas pós-doença. Até porque, hoje, cerca de 70% dos pacientes têm algum tipo de sequela. Dos que sobrevivem, 70% não retornam ao trabalho e cerca de 50% ficam dependentes de cuidadores.
- É preciso saber que o AVC nem sempre é uma sentença de incapacidade total - alerta Sheila.
Partindo do conceito de que AVC não é um acidente, o governo federal passou a montar a chamada rede oficial integrada de combate à doença pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Estatísticas apontam que 80% dos pacientes com doença são atendidos pelo SUS. O Hospital de Clínicas de Porto Alegre é um dos novos credenciados, com 10 leitos.
Com a meta de ampliar a assistência às vítimas do AVC, o governo quer reforçar os investimentos. A previsão é investir R$ 437 milhões até 2014, dos quais R$ 370 milhões deverão ser direcionados para leitos hospitalares e R$ 96 milhões para o tratamento com uso do trombolítico alteplase (enzima que ajuda na dissolução de coágulos sanguíneos).
O desenvolvimento de medicamentos para prevenir o AVC provocado por fibrilação atrial evolui ano a ano, em especial na busca de nova geração de anticoagulantes. Partindo de um efeito mais estável, os médicos e pacientes podem lançar mão do princípio ativo dabigatrana (que atua no combate da formação de trombos gerados pela fibrilação atrial) para os tratamentos de fase mais aguda e que ajuda a evitar a recorrência de AVC.
O AVC é a doença que mais mata no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, o número de mortes pelo AVC chega a quase 100 mil pessoas. Em 2000 foram 84.713 óbitos, passando para 99.726 em 2010.
Fatores de risco
1 - Pressão alta
2 - Diabetes
3 - Colesterol alto
4 - Tabagismo
5 - Alcoolismo
6 - Dieta rica em gordura
7 - Estresse crônico
8 - Circunferência abdominal
9 - Doença cardíaca
10 - Sedentarismo
Outros fatores de influência
1 - Hereditariedade
2 - Idade
3 - Sexo
4 - Etnia
Sintomas de alerta
- Formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo
- Alteração da fala
- Alteração na visão
- Alteração do equilíbrio, no andar, na coordenação e tontura
- Dor de cabeça súbita, intensa e sem causa aparente
Tipos de AVC
:: Acidente Vascular Cerebral (AVC)
É o surgimento de um déficit neurológico súbito causado por um problema nos vasos sanguíneos do sistema nervoso central.
:: AVC isquêmico
Obstrução ou redução brusca do fluxo sanguíneo em uma artéria cerebral.
:: AVC hemorrágico
Ruptura espontânea de um vaso sanguíneo, com vazamento de sangue para o interior do cérebro.
