
O termo choca muita gente, mas é a palavra usada na medicina para indicar uma síndrome caracterizada por um declínio progressivo das funções intelectuais: demência. Severa o bastante para interferir nas atividades sociais, cotidianas e profissionais, a demência afeta principalmente pessoas partir de 65 anos. A forma mais comum da síndrome é o Alzheimer, que afeta 35 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A psiquiatra Célia Gallo, do Projeto Terceira Idade (Proter) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, explica que a demência apresenta três características principais: prejuízo da memória, desde um simples esquecimento até um quadro em que o paciente não recorda a própria identidade; perda das habilidades adquiridas durante a vida, tais como, dirigir, vestir a roupa, cuidar da vida financeira, organizar os compromissos, cozinhar; mudança no comportamento, normalmente caracterizada por agitação, insônia, choro fácil, comportamentos inadequados, perda da inibição social normal e alterações de personalidade.
- A população precisa saber que ficar esquecido não é normal e que não faz parte do processo natural de envelhecimento. O indicado é procurar um especialista para que seja realizada uma investigação - salienta a médica.
Célia destaca, ainda, que quem tem um familiar de primeiro grau com demência, tem maior probabilidade de ter a doença. Diabéticos, hipertensos, tabagistas, obesos e depressivos também estão no grupo de risco. Atividades físicas, sociais e cognitivas em qualquer idade, independentemente de pertencer a grupos de risco, são positivas na prevenção.
O diagnóstico da demência é clínico e é realizado por exclusão, pois é necessário eliminar outras causas que possam gerar os mesmos sintomas e características. Além disso, é preciso estudar o histórico do paciente. Outro material de apoio é o questionário que serve como triagem, chamado Mini Mental. São até 30 perguntas - quanto maior o número de respostas positivas, melhor o desempenho do paciente.
Uma parcela dos afetados, especialmente nas fases iniciais e intermediárias da síndrome, pode se beneficiar dos medicamentos específicos para o tratamento da demência. Atualmente, a base da estratégia terapêutica está alicerçada em três pilares: retardar a evolução, tratar os sintomas e controlar as alterações de comportamento.
- A demência de Alzheimer não tem cura, mas o tratamento adequado pode proporcionar melhora a qualidade de vida do paciente - reforça a especialista.