O Hospital São Sebastião Mártir, em Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo, inaugurou em janeiro deste ano uma UTI pediátrica com capacidade para atender 10 crianças. Entretanto, a unidade ainda não está funcionando por falta de verba. Segundo o administrador do hospital, Luís Fernando da Rocha Siqueira, a instituição tem problemas financeiros.
O investimento para ter a unidade foi de quase R$ 3,5 milhões, viabilizado pelo programa Avançar na Saúde do governo do Rio Grande Sul. Destes, R$ 1,6 milhão para obras e R$ 1,8 milhão para a aquisição de equipamentos como berços aquecidos, camas elétricas e ventiladores pulmonares.
— O valor para manter a UTI pediátrica seria de R$ 470 mil mensais incluindo recursos humanos, funcionários, medicamentos e sobreaviso. Mas o governo está repassando apenas R$ 230 mil — explica.
Siqueira afirma que os equipamentos não têm risco de depreciação. A unidade segue fechada, com acesso apenas para os funcionários. O administrador defende a abertura da UTI, mas de forma "consciente".
— Começar um serviço com R$ 300 mil deficitários seria uma irresponsabilidade minha — relata.
A UTI conta com 10 leitos e atenderia crianças a partir dos 29 dias de vida até os 14 anos. A expectativa é que ela seja referência para a macrorregião dos Vales, além de receber pacientes de todo o Rio Grande do Sul a critério da Central Estadual de Regulação de Leitos Hospitalares.
Questionada por GZH, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) confirmou os repasses, desde 2022, de recursos pelo programa Avançar para a execução das obras e compra de equipamentos, totalizando R$ 3,5 milhões e informou que a contratação de profissionais cabe ao município, que tem gestão plena da saúde.
O prefeito de Venâncio Aires, Jarbas da Rosa diz que a contratação de pessoal é de responsabilidade do hospital, já que há um contrato "em que ele presta serviços para a prefeitura". O chefe do Executivo municipal argumenta, ainda, que a prefeitura garantiu a diferença entre os recursos que vem do Ministério da Saúde e o custo efetivo total para a manutenção dos serviços.
— Em reunião realizada com a diretoria administrativa e técnica do hospital com a prefeitura foi colocada a dificuldade de recursos humanos, em especial médicos pediatras, que o hospital tem enfrentado —sustenta o prefeito.
Segundo Jarbas da Rosa, a prefeitura já faz aportes extras para manutenção dos serviços de saúde do hospital, mas, ele garante que, em relação à UTI, serão ofertados recursos "assim iniciar atividades".