A varíola dos macacos, também chamada de monkeypox, deve trocar de nome. A iniciativa, que parte de um pedido da comunidade acadêmica para evitar preconceito, confusão e estigmatização, foi aceita pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que foi além: abriu a possibilidade para que qualquer pessoa no mundo sugira um novo nome para a doença.
No site, é preciso fazer um cadastro antes de opinar. Já existem opções vindas do mundo inteiro, desde a ideia de um médico de Harvard e de um grupo da causa LGBT+ do Canadá, por exemplo. Nomes como Mpox e Movid-22 estão entre as sugestões. Povid-22 (abreviação de pox virus disease, em inglês, e o número referente ao ano) também é uma sugestão, inspirada na forma como foi nomeada a doença provocada pelo coronavírus. Lightpox, new human smallpox (nova varíola humana), LSpox (de Lesser Smalpoxx, ou menor varíola), e ovalpox (de Orthopox virus) também fazem parte da lista de opções.
Como a ideia é fugir do preconceito e também deixar de associar a doença aos macacos, que não são a causa da transmissão da doença, o nome a ser definido levará em conta esses critérios. Também deverá ser uma palavra ou sigla com facilidade de ser pronunciada em diferentes idiomas.
De acordo com a norma da OMS, vírus recém-identificados, as variantes e as doenças relacionadas devem receber nomes que não ofendam qualquer grupo cultural, social, nacional, regional, profissional ou étnico para minimizar qualquer impacto negativo no comércio, viagens, turismo ou bem-estar animal.
A atribuição de novos nomes a doenças existentes é responsabilidade da OMS, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças e a Família de Classificações Internacionais Relacionadas à Saúde da OMS. Já para os vírus, a nomeação das espécies é de responsabilidade do Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus, que tem um processo em andamento para o nome do vírus da varíola dos macacos.
A doença recebeu esse nome em 1958, na Dinamarca, porque na época foi identificada em macacos, mas ela pode ser encontrada em outros animais, especialmente em roedores. No Brasil, houve registro de ataques a macacos que podem estar relacionados à falta de informação sobre a doença. A recente contaminação em diferentes países acontece entre humanos.
Subvariantes
Também para evitar estigmatização, na semana passada, a OMS mudou o nome das subvariantes para clado I e clado II. As variantes do vírus também receberam novos nomes: a que já era identificada na Bacia do Congo, na África Central, passa a cer chamada de clado I e outra variante, da África Ocidental, clado II.
O clado II tinha dois subclados, IIa e IIb, com os vírus dentro deste último identificados como responsáveis pelo atual surto global. Nesta quarta, a agência de saúde da ONU especificou que o IIa e o IIb estão relacionados e compartilham um ancestral comum recente, portanto, o IIb não é uma ramificação da IIa.