
A Secretaria Estadual da Saúde (SES/RS) ainda não tem os resultados dos laudos que podem confirmar se Porto Alegre já está em transmissão comunitária da variante Ômicron do coronavírus. Desde o dia 10 de dezembro, a Capital já confirmou, por genotipagem, 16 casos da nova cepa. Contudo, ainda é preciso que um sequenciamento total confirme se já não é mais possível rastrear a origem do contágio, o que indicaria a transmissão comunitária.
"A SES/RS e a SMS/POA [Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre] estão analisando casos e monitorando a situação, mas não é possível antecipar resultados sobre o assunto e nem prazos para isso. Todos os casos confirmados seguem passando por análise constante para avaliar a transmissibilidade", pontuou a SES, por e-mail.
Na quarta-feira (22), a Secretaria Municipal de Saúde confirmou quatro novos casos da variante Ômicron, totalizando 16 infecções. Três deles são de pessoas que vieram do exterior, sendo dois residentes em outros países e um morador de Porto Alegre que voltou de viagem da Europa. O quarto caso tem vínculo epidemiológico com um desses casos estrangeiros, tratando-se de pessoa com diagnóstico positivo para covid em exame, mas ainda sem genotipagem indicando Ômicron.
A nova cepa do coronavírus tem provocado o aumento exponencial de casos de covid-19 na África – continente onde foi inicialmente identificada –, Europa e Estados Unidos, país em que já é dominante. Por isso, a preocupação com uma já possível transmissão local, que também poderia provocar aumento no número de casos por aqui.
O médico Alessandro Pasqualotto, chefe do Serviço de Infectologia da Santa Casa de Porto Alegre e membro da Sociedade Riograndense de Infectologia (SRGI), explica que a transmissão comunitária é algo natural no atual contexto da pandemia e que não há motivo para maiores preocupações, caso seja confirmada, desde que tomados os cuidados necessários.
– O vírus é importado, vem de outros locais. Então, a transmissão comunitária ocorre quando uma pessoa pega a doença de outra dentro da própria comunidade. É um fenômeno natural, esperado. A história do coronavírus, com outras variantes, mostrou que as mutações que surgem passam a dominar a presença no ambiente. O que não necessariamente é motivo para pânico. Basta manter a vacinação em dia e seguir os protocolos sanitários – afirma o infectologista.
Pasqualotto reforça que estar em dia com a vacina é fundamental:
– A vacina continua sendo a principal arma para combatermos o coronavírus. Especialmente neste momento de variantes incertas e em que pode haver mais aglomeração. Precisamos estar certos de que a vacinação siga progredindo.
Estratégia
Estado nem município confirmam se mudarão a estratégia de controle da pandemia, numa eventual confirmação de transmissão comunitária. A SES afirma que está atenta e avaliando o que pode ser feito. Já a Secretaria Municipal de Saúde afirma que entre as medidas para conter o avanço da Ômicron está o protocolo dos viajantes, que oferece testagem a quem chega na cidade pelo aeroporto ou por terra.
Segunda a assessoria de imprensa a SMS, desde o dia 1º de dezembro, quando foi retomada a testagem para quem chega do exterior ou de outros Estados, 206 pessoas responderam o chamado Formulário do Viajante, que permite a realização do teste RT-PCR. A testagem não é obrigatória.
Desse total, 180 desembarcam por via aérea e 26 chegaram por rodovias e somente 105 fizeram o exame – tendo seis resultados positivos para covid-19, que foram orientados a cumprir isolamento.
Quem pode fazer o teste
Podem fazer a testagem, viajantes aéreos com ou sem sintomas respiratórios que desembarcaram no Aeroporto Internacional Salgado Filho há no máximo sete dias, moradores em Porto Alegre ou que permanecerão na cidade por, pelo menos, quatro dias. Para quem chega na Capital por via terrestre, a viagem pode ter sido realizada em ônibus ou transporte individua, mas o trajeto deverá ser comprovado.
Após preencher o formulário, que está no site da prefeitura, o interessado receberá por e-mail a orientação para realizar o exame – disponível em cinco laboratórios parceiros da prefeitura, sendo quatro pontos em bairros e um drive-thru.
A autorização para coleta ocorre somente com o envio do formulário e o comparecimento a um dos laboratórios com prazo máximo de sete dias após a chegada à cidade.