No Dia Nacional da Doação de Órgãos, lembrado nesta segunda-feira (27), o Brasil registra uma fila de 53.218 pessoas aguardando por um transplante. Atualmente, o transplante de rim ocupa o topo do ranking: são mais de 31 mil pessoas na espera. Em seguida, vem o transplante de córnea, com mais de 19 mil brasileiros na fila.
Na lista, também aparecem os transplantes de fígado, pâncreas e rim, coração, pulmão, pâncreas, multivisceral e intestino.
Os dados foram divulgados pelo Ministério da Saúde durante o lançamento da campanha nacional que busca incentivar a doação de órgãos e tecidos no Brasil. A cantora sertaneja Naiara Azevedo foi escolhida para ser porta-voz da causa, participando do single da campanha que será veiculado em meios de comunicação para reforçar a importância de manifestar a vontade de ser doador de órgãos para a família.
— Nosso sistema nacional de transplantes possui várias características, entre elas, a doação altruísta. Ela respeita a vontade da família, por isso é importante essa conversa com família e externar esse desejo para a família — disse a coordenadora do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), Arlene Terezinha Badoch.
Desafios
Aumentar o acolhimento e diminuir a recusa familiar é um dos principais desafios para reduzir a fila de espera por um transplante no Sistema Único de Saúde (SUS). A identificação de potenciais doadores também é um obstáculo: dados mais recentes apontam que, em média, 23% das mortes encefálicas no País não são notificadas.
Nos últimos anos, houve uma redução da recusa familiar na doação de órgãos. A taxa caiu de 41,3%, em 2018, para 37,8%, em 2020. Os estados com maiores índices de recusa são Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. O Ministério da Saúde informa que há 2.312 pessoas na fila de espera por um órgão no Rio Grande do Sul.
— Isso é diretamente proporcional ao acolhimento e à entrevista, ao preparo das pessoas que estão dentro dos hospitais para acolher as famílias e entrevista-las. Não podemos trabalhar com profissionais que não tenham treinamento. É necessário que façamos um investimento maciço na educação continuada — afirmou Maíra Botelho, diretora do Departamento de Atenção Especializada e Temática do Ministério da Saúde.
De janeiro a junho de 2021, 1.451 pessoas, em um universo de 5.857, se tornaram doadoras efetivas - ou seja, apenas 24% do total de potenciais doadores de órgãos e tecidos.
Outros dados
Em 2021, até junho, mais de 10,3 mil transplantes foram realizados no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde: 3.256 de órgãos, 5.626 de córnea e 1.480 de medula óssea.
Com relação à pandemia da covid-19, que afetou a realização de transplantes no Brasil, a queda foi maior nos procedimentos de córnea: foram 7.115 em 2019 contra 3.957 em 2020.
— Para a segurança do paciente, os transplantes eletivos de córnea foram suspensos, só se manteve os transplantes de urgência e emergência. O transplante de órgãos a gente teve uma queda em torno de 20% — explicou Maíra.