A prefeitura de Bagé, na Campanha, recebeu com surpresa e desconforto a classificação da região na bandeira preta no mapa preliminar do sistema de distanciamento controlado nesta sexta-feira (11). Na avaliação do executivo, que já confirmou que irá recorrer da decisão, o motivo para a definição de risco altíssimo de contaminação por parte do governo do Estado não envolve diretamente a região.
Na análise da prefeitura, a ida preliminar para a bandeira preta ocorre por conta dos critérios de análise do Gabinete de Crise e não pela situação real da contaminação na região. Conforme o prefeito Divaldo Lara (PTB), dos 11 itens usados para determinação das bandeiras, cinco estão ligados a macrorregião, que agrupa Bagé e o município de Pelotas – que também foi colocado em risco altíssimo.
Ainda segundo o executivo municipal, a região encontra-se, neste momento com três dos cinco leitos de UTI para pacientes com coronavírus ocupados e metade dos 30 leitos clínicos preenchidos.
— Nós temos condições de atender a todos da região. Não faltam leitos, estamos com somente metade dos leitos clínicos em uso e nesta semana houve até uma redução do número de novos casos. Essa classificação é motivada pelos números de Pelotas. Vamos recorrer e, independente do resultado do recurso, não vou fechar a cidade — afirmou o prefeito Divaldo Lara.
Em entrevista ao programa Estúdio Gaúcha, o prefeito complementou:
— Não terá lockdown em Bagé. Só haverá se o governo mandar um ofício se comprometendo a pagar as contas dos bajeenses — afirmou. A bandeira preta tem diferenças em relação ao lockdown, pois não desautoriza, por exemplo, as saídas de casa (confira aqui as diferenças).
Vórgia Obino, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Bagé, afirma que a entidade lamenta o cenário, mas que espera que o controle da doença possa não volte a fechar totalmente o comércio. Ela defende, por exemplo, a limitação de horários de funcionamento de lojas como alternativa para o comércio.
— Nós lamentamos profundamente que se tenha chegado a esse estágio. Acreditamos que há diversas alternativas de como se pode conduzir essa situação, até porque o comércio já contribuiu e muito no começo da pandemia, com as lojas todas fechadas. Aqui em Bagé, ele atua de forma muito responsável, com todos os estabelecimentos dentro do padrão. Então acreditamos no bom senso, porque a falência da atividade econômica é muito grave — afirmou a presidente do CDL.
Demais entidades do município foram procuradas pela reportagem e não responderam o contato até o momento.