Segunda causa de morte mais frequente no mundo, o câncer mata, por ano, mais de 8 milhões de pessoas no mundo, conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS). E para o futuro os dados não são nada otimistas: espera-se um aumento de mais de 50% no número de casos nas próximas décadas. Para compreender melhor a doença, mais de mil pesquisadores de quatro continentes se debruçaram sobre o tema para desvendar o genoma do câncer. O resultado foi publicado nesta quarta-feira (5), no periódico Nature.
Chamado de Projeto Pan-Cancer, o estudo compilou informações de mais de 2,6 mil genomas de tumores, correspondendo a 38 tipos de câncer. Dessa forma, foi possível compreender como eles se formam, abrindo portas para tratamentos mais assertivos.
Ainda que não tenha aplicação terapêutica a curto prazo, as descobertas são animadoras, pois evidenciam as mutações genéticas que provocam a multiplicação das células cancerosas e as semelhanças entre diferentes tipos de câncer. Outro achado importantíssimo do estudo é que o desenvolvimento de alguns tipos de câncer pode ocorrer décadas antes do diagnóstico.
— Isso mostra que a janela de oportunidade para uma intervenção precoce é muito maior do que imaginávamos — disse, à AFP, Peter Campbell, membro do comitê diretor do projeto.
Na média, apontou o levantamento, o câncer necessita de quatro a cinco mutações causais para acontecer. Entretanto, em cerca de 5% dos casos não foram encontradas mutações causais, o que sugere que a descoberta dessas mudanças ainda não está completa.
A pesquisa também descobriu que os padrões das mutações, e onde elas ocorrem, podem ajudar a identificar aproximadamente 1% a 5% dos cânceres que não podem ser identificados com diagnósticos regulares.