Dormir é fundamental para garantir a saúde e o bem-estar em qualquer faixa etária. Porém, um estudo feito na Argentina mostrou que adolescentes não têm dormido o suficiente, que seria entre oito e 10 horas por dia. A causa do problema, dizem os pesquisadores, é o que chamam de "jet lag social", ou seja, quando há grandes diferenças entre o horário de sono do fim de semana e o horário de sono dos dias de semana.
Publicado na Nature Human Behavior, o estudo avaliou os hábitos de sono e o rendimento de 753 alunos. No grupo, foram incluídos alunos do turno da manhã, que começavam as aulas às 7h45min, e da tarde, que iniciavam às 12h40min. Conforme o El País, o levantamento mostrou que 93,5% desses estudantes não dormiam sequer sete horas.
— A amostra selecionada foi muito interessante, porque os turnos na escola pesquisada são aleatórios. Portanto, talvez haja muitos alunos com cronotipos matinais no turno da noite e vice-versa. Foi muito interessante ver a relação de sono, jet lag social e rendimento — disse a pesquisadora Andrea Goldin, em entrevista ao site da Universidad Torcuato Di Tella, de Buenos Aires.
Segundo a estudiosa, os cronotipos são características genéticas que vão se modificando de acordo com o ambiente.
— Todos os mamíferos têm um cronotipo mais noturno durante a adolescência e depois começam a mudar. O argentino, comparado com o resto do mundo, é mais noturno, no entanto, as aulas começam no mesmo horário do resto do mundo — completou.
Além de apontar que os adolescentes estão dormindo pouco, a pesquisa também comprovou que o rendimento dos estudantes é melhor quando o horário das aulas é adequado ao seu cronotipo.
— Seguindo as conclusões obtidas, recomendamos que a escola comece mais tarde, pelo menos para adolescentes nos últimos anos do Ensino Médio, que são aqueles que apresentam cronotipos mais noturnos. Outra sugestão é colocar matérias como matemática no meio da manhã, e não nas primeiras horas, enquanto, à noite, as aulas de línguas devem ser as primeiras matérias — destacou a cientista.
O tema já foi discutido na Califórnia, Estados Unidos. Em 2019, uma lei foi criada para exigir que as aulas em instituições públicas, nos Ensinos Fundamental e Médio, comecem mais tarde. Para os últimos anos, a recomendação é que as atividades não iniciem antes das 8h30min. Já para os anos intermediários, as classes devem iniciar após as 8h.