![Camila Hermes / Agencia RBS Camila Hermes / Agencia RBS](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/0/9/3/9/3/1/5_7240977dcfcbded/5139390_470a2585b64c0c1.jpg?w=700)
O primeiro ano de privatização da Carris, completado em janeiro de 2025, foi marcado por avanços em indicadores como tamanho da frota operacional, viagens realizadas e disponibilidade de ar-condicionado nos veículos de uma das principais empresas de transporte público criadas no Rio Grande do Sul e uma das mais antigas do país.
A idade média dos veículos em circulação caiu de 9,8 anos para 5,2 anos, ficando abaixo da média nacional, que é de 6,45 anos, segundo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). A nova Carris diz que o fato se deve a investimentos realizados para ampliar a frota com ônibus novos e também ao descarte de 61 veículos que não tinham mais condições de uso. Os demais passaram por reparos com investimento de R$ 3,85 milhões.
O processo de desestatização envolveu uma companhia que já havia acumulado prêmios nacionais de qualidade, na virada para os anos 2000, mas vinha sofrendo com a falta de recursos e de manutenção adequada. Reportagem publicada pelo Grupo de Investigação da RBS (GDI) em dezembro do ano passado revelou, com base em relatórios internos, que em média oito veículos precisavam de consertos diários.
Como resultado, faltavam condições até para cumprir todas as viagens programadas. Desde então, a nova gestão informa ter investido R$ 90 milhões na compra de 85 novos ônibus, reformas de parte da frota antiga e em treinamentos das equipes.
No começo de 2024, a prefeitura de Porto Alegre estendeu a vida útil dos ônibus de transporte urbano para até 15 anos, no caso de veículos comuns, e 16 anos para os articulados. A legislação anterior limitava a 12 e 13 anos, respectivamente.
Hoje, a Carris possui 262 veículos, sendo 40 ônibus articulados, incluindo a frota de reserva. Desde que foi privatizada, todas as linhas foram mantidas e uma nova foi criada. São elas: 343, 353, C1, C2, C3, C5, T1, T2, T2A, T2A1, T3, T4, T5, T6, T7, T8, T9, T10, T11, T11.1, T11.2, T12, T12A e T13.
Investimentos
A Carris diz ter comprado 23 veículos a mais do que o anunciado na ocasião da assinatura do contrato de concessão do serviço, em janeiro do ano passado. São seis veículos articulados de 23 metros, com capacidade para 150 pessoas (77 sentados e 73 em pé), que foram entregues em dezembro. Ao longo de 2024, também passaram a circular outros dois articulados de 18 metros e mais 77 veículos de modelo padrão (não articulados e com capacidade para até 80 pessoas).
Todos os ônibus novos vêm da fábrica com ar-condicionado, GPS, suspensão a ar, acessibilidade e segurança reforçada por quatro câmeras. Também consertamos 146 aparelhos da frota anterior, inclusive a climatização desses veículos.
OCTÁVIO BORTONCELLO
Diretor administrativo-financeiro da Carris
Mais R$ 1,57 milhão foi investido em uma câmara de pintura, e em reformas da oficina, de áreas administrativas, de refeitórios, de banheiros e da estrutura de TI e sistemas.
Em 2025, diz Bortoncello, a empresa comprará mais 15 ônibus novos do modelo padrão para substituir veículos mais antigos. O investimento deve chegar a R$ 15 milhões.
Reclamações caem pela metade
De acordo com a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), o número de reclamações de usuários das linhas da Carris caiu 53% desde que a empresa foi privatizada. Foram 354 queixas em janeiro de 2024, contra 166 no mês passado. Uma das principais reclamações era em relação à falta de ar-condicionado, problema que está resolvido, garante a empresa.
— Quando assumimos, a empresa transportava 120 mil passageiros por dia. Hoje são 150 mil. Aumentou a demanda, mas reduziram as reclamações de falta de ar-condicionado e de ônibus lotados. Ainda há muito para ser feito. Queremos que chegue o dia que não teremos mais reclamações — afirma o diretor.
A reportagem de Zero Hora conversou, na tarde desta sexta-feira (7), com usuários das linhas da Carris e também embarcou em algumas delas. Todas estavam com ar-condicionado ligado. Lauren Boff, 19 anos, usa a linha T1 diariamente para ir e voltar da faculdade de educação física da UFRGS.
— Já usei quase todos os transversais. É bem de boa. Estão bem menos cheios do que costumava ser antes — diz a estudante.
![Guilherme Gonçalves / Agência RBS Guilherme Gonçalves / Agência RBS](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/4/1/4/9/3/1/5_e3d9ffa9dfb3a31/5139414_6c2e113bcaabbca.jpg?w=700)
Apesar dos 183 novos horários distribuídos entre as linhas da Carris, a funcionária de uma loja da Avenida Azenha Carmen Silvia Moraes, 54 anos, sugere que sejam ampliadas as opções para a linha T6, que ela pega todos os dias na Avenida João Pessoa para voltar para casa.
Mudou bastante, os ônibus estão novos. Só tenho andado em ônibus com ar-condicionado ligado. Mas poderia ter mais horários. Às vezes, saio atrasada do trabalho, perco meu ônibus e fico quase meia hora esperando outro.
CARMEN SILVIA MORAES
Funcionária de loja
Já o vigilante Sandro Pereira, 33 anos, trabalha na zona norte da cidade. Ele acabou de voltar a Porto Alegre após um período morando no interior gaúcho. Agora, pelo menos cinco vezes por semana pega o T9 para se deslocar ao trabalho.
— Lembro que antes era superlotado e sujo. O preço da passagem poderia estar mais baixo, é um outro problema, mas pelo menos agora a qualidade está melhor — diz.