A chuva forte que caiu nesta tarde, acompanhada de granizo em alguns pontos, provocou transtornos em Porto Alegre. Diversas ruas registraram alagamentos e também queda de árvores. As pancadas ocorreram entre as 16h e 17h desta quinta-feira (16).
De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), em três horas, choveu 20 milímetros somente no bairro Cidade Baixa. No bairro Navegantes, foram 9 milímetros; no Belém Velho e na Agronomia, 5 milímetros; e no Partenon, 3 milímetros.
Pedras de gelo foram observadas no Centro Histórico e em bairros como Cidade Baixa, Azenha, Praia de Belas, Farroupilha, Bom Fim e Menino Deus. Em outras regiões da cidade, como no bairro Teresópolis, houve apenas o registro de chuva forte.
A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb) registrou sete ocorrências de queda de árvores em decorrência da tempestade.
O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) informou que o temporal deixou sem energia elétrica as Estações de Tratamento de Água (ETAs) Menino Deus e Tristeza. Com isso, pode haver desabastecimento ou baixa pressão nos bairros atendidos pelos sistemas. A CEEE Equatorial foi acionada para atuar nestes pontos.
A reportagem de Zero Hora procurou a concessionária para saber sobre os pontos onde há falta de luz na Capital, mas a resposta dada foi apenas que "não é nada significativo" e que "as equipes estão atuando para restabelecer a energia" nos locais afetados.
No Centro Histórico, a água invadiu lojas na Avenida Borges de Medeiros e na Rua Voluntários da Pátria.
— Desde que fizeram essa obra do Quadrilátero, temos este problema. Esse prédio tem 80 anos, e isso nunca aconteceu. Colocaram o piso muito alto, não mantiveram a mesma elevação de antes, e agora é sempre assim. O pessoal está tendo prejuízo — diz Mary Sandra Tavares, gerente administrativa do edifício Vera Cruz, onde fica a loja da Severo Roth, atingida pela água nesta quinta-feira.
A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) registrou, às 16h45min, oito ocorrências abertas, sendo uma por semáforo fora de operação e três de bloqueios nos cruzamentos da Rua Marechal Floriano Peixoto com Praça XV de Novembro; na Avenida Wenceslau Escobar com Otto Niemeyer; e na Avenida Loureiro da Silva com Rua Antonio Carlos Guimarães.
No bairro Cidade Baixa, houve pontos de alagamento nos encontros da Rua Lima e Silva com a República e com a Sofia Veloso. Nas avenidas Loureiro da Silva, Osvaldo Aranha e Paulo Gama, ao lado da Redenção, o problema se repetiu. Uma faixa para carros na Rua da Conceição foi bloqueada devido a um ponto com acumulo de água.
Por volta das 17h45min, os comerciantes já limpavam as calçadas. Um contêiner que estava na Rua da República chegou a ser arrastado para a José do Patrocínio. Administrador da Sorveteria Joia, na esquina entre as duas ruas, Clenir Selau, 60, viu o tradicional ponto da Capital ser novamente invadido pela água.
— A chuva mais uma vez chegou, entrou na porta, veio até aqui no balcão. Questão de uns 15 minutos a 20 minutos. A gente jogando água porta a fora, passou por banheiro lá também. Foi feio, o pessoal meio que se abrigou por aqui, que não dava pra sair. Quando os carros passavam, chegou a fazer onda. — relatou Selau.
Alerta atrasado
Moradores de Porto Alegre e municípios da Região Metropolitana relataram ter recebido alerta da Defesa Civil para a possibilidade de chuva e granizo após o começo da chuva. O aviso é emitido, dentre outras formas, via mensagens de texto, e idealmente antes dos episódios. De acordo com a entidade, a Sala de Situação recomendou o envio do aviso às 15h53min. Minutos depois, às 16h, o Centro de Operações da Defesa Civil confirmou o envio dos avisos.
A Defesa Civil justifica que as mensagens não chegam a todos os usuários ao mesmo tempo. Alguns podem receber o aviso climático antes ou depois do que outros, porque o encaminhamento das mensagens de texto depende das operadoras de telefonia — o que pode variar entre os moradores cadastrados no sistema.
Já a Defesa Civil Municipal fez o aviso às 16h31min através de suas redes sociais. O órgão também não chegou a acionar os totens do sistema de monitoramento e alerta antes da chuva começar, que foram instalados em 10 áreas de risco da Capital na quarta-feira (15).