Montado e organizado apenas com ajuda e recursos de voluntários, o hospital de campanha para atender animais resgatados na Orla do Gasômetro está recebendo em média 600 animais por dia. Eles vêm principalmente da região das Ilhas e chegam nos barcos dos socorristas.
O primeiro atendimento é realizado ainda em uma estrutura montada ao lado do Gasômetro, onde os animais são acolhidos e verificados os principais sintomas apresentados. Os bichos que mais chegam nos barcos são cachorros e gatos, mas equinos, como cavalos, além de aves, ovelhas, porquinho da índia, búfalos e vacas também estão sendo resgatados.
— Aqui em um primeiro momento recebemos os animais resgatados das Ilhas e de Eldorado do Sul e fazemos o primeiro atendimento. Muitos animais estavam debaixo d’água, hipotérmicos, e identificamos se tem um dono ou não. A grande maioria não tem ou não se sabe quem são, pois estão soltos na enchente — conta a veterinária voluntária Ana Luiza Lonardi.
Após passar pelo primeiro atendimento, os animais são encaminhados para o hospital de campanha, montado na rótula do entroncamento das Avenidas Edvaldo Pereira Paiva, Presidente João Goulart e Loureiro da Silva. Ali, passam primeiro por uma triagem, onde são fotografados, pesados e registrados com identificação na coleira. Somente na quinta-feira (9) foram 630 animais acolhidos.
Os animais passam, então, pelo atendimento de veterinários. A maioria chega desidratada, machucada ou hipotérmica. Após isso, os mais graves são encaminhados para clínicas parceiras. Já os que estão bem ficam abrigados no local, vão para lares temporários ou para abrigos. O Shopping Iguatemi Porto Alegre também já acolheu, em um andar do seu estacionamento, 100 animais que passaram por ali.
— Basicamente são animais que passaram fome e necessidades por quatro dias ou mais — comenta a veterinária Paula Gonzalez.
Busca por lares temporários
Atualmente, o local recebe voluntários e toda doação é bem-vinda, contudo o mais urgente é por abrigo para os que chegam, por exemplo, como lares temporários. A coordenação busca montar um abrigo para destinar os animais. Conforme Cássia Hennig, uma das coordenadoras, toda a mobilização é realizada por meio de voluntários, sem apoios governamentais.
— Estamos tentando abrir um abrigo para que esses animais possam ser destinados para lá. Quando conseguirmos fazer isso, vamos ter certeza de onde esses animais estão. Nesse momento, infelizmente, é uma coisa mais de urgência, com uma demanda grande, mas estamos tentando da maneira mais organizada possível tratar esses animais — explica Cássia.
O local é destinado apenas para bichos resgatados das enchentes pelos barcos. Moradores procurando seus animais também podem verificar se seu animal passou por lá.
Bloco cirúrgico de campanha
A Pró-Reitoria de Inovação e Relações Institucionais (PROIR) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) instituiu na terça-feira (7) um hospital de campanha com foco em cirurgias para os animais mediante encaminhamento dos abrigos. O local funciona no estacionamento da Unisinos, em Porto Alegre.
— É um bloco cirúrgico de campanha. Não é abrigo e nem tem atendimento clínico. Os veterinários que estão nos abrigos preenchem um formulário mostrando que realmente tem indicação cirúrgica, por exemplo, laceração, enucleação (cirurgia no olho), pele que lacerou. Tudo isso vem para cá e é operado. Depois vai para um abrigo — explicou o pró-reitor Geraldo Pereira Jotz.
O projeto ocorre em colaboração com o Exército Brasileiro, Unisinos, Hospital Veterinário da UFRGS, Brigada Militar, Hospital Vila Nova, Secretaria Municipal de Administração Pública e médicos veterinários voluntários.
Atendimentos na Ulbra
A Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) de Canoas também está acolhendo animais resgatados na cidade. Não há uma expectativa total de quantos bichos já receberam, mas há cachorros, gatos, cavalos e até galos. O caso com maior repercussão foi do cavalo Caramelo, resgatado na quinta-feira (10) do telhado de uma residência. Ao todo, foram 70 cavalos atendidos na Universidade, sendo 10 sem proprietários. São quase 20 voluntários que atuam no local.