A revolução provocada pelas tecnologias digitais representa um desafio para muitas empresas de áreas como a da comunicação, mas, de acordo com as conclusões de um painel realizado na tarde de sexta-feira no palco Arena do South Summit, em Porto Alegre, também traz um universo de novas possibilidades.
No debate, o diretor-executivo de Digital e Transformação do Grupo RBS, Marcelo Leite, deu exemplo concreto dessas oportunidades ao apresentar à plateia lotada um resumo do projeto que a empresa está colocando em prática para acelerar sua transformação digital por meio de melhorias de conteúdo, de experiência dos usuários e de ampliação de oportunidades para parceiros de negócios. Serão investidos R$ 112 milhões em 11 ações diferentes.
– Essas iniciativas vão levar a RBS a outro patamar. Vamos oferecer diferentes pontos de contato com o público ao longo do dia, e deixar o consumidor escolher o que é melhor para ele a cada momento – declarou Leite.
Isso significa, entre outras medidas, criar nova grade de programas de jornalismo, esporte e entretenimento, pensados a partir do ambiente digital, e ampliar a transmissão de programas de marcas líderes de audiência, como Gaúcha e Atlântida, em outras plataformas como o Youtube. Outra meta é dobrar a produção de vídeos curtos nas plataformas digitais e nos perfis da RBS nas redes sociais.
O anúncio sobre o novo ciclo digital do grupo foi realizado durante uma conversa com o cofundador da consultoria americana Decoupling.co, Thales Teixeira, que auxiliou a desenhar essas mudanças com a Meta, consultoria gaúcha focada em tecnologia e inovação.
Thales lembrou que a “disrupção digital”, representada pela ascensão de startups e de novas empresas de tecnologia, é impulsionada por mudanças nas demandas e no comportamento da população, e exige adaptações por parte das companhias previamente estabelecidas.
– Essas empresas estabelecidas têm de se defender, e é isso que chamamos de transformação digital – afirmou Teixeira, ao responder a um dos questionamentos feitos pelo mediador do encontro, o comunicador da RBS Luciano Potter.
No caso da RBS, a adaptação aos novos tempos envolve ainda novidades em GZH que incluem a reformulação do produto a partir de nova estrutura, de novos formatos e de melhorias na jornada do leitor. As mudanças previstas também contaram com a experiência da consultoria espanhola Tric, especializada em transformação digital no âmbito jornalístico.
Além das possibilidades que estes novos produtos e formatos oferecem aos parceiros comerciais, o programa de transformação digital contempla iniciativas que ampliarão a capacidade da RBS de oferecer publicidade segmentada. Graças a esse conjunto de ações, a expectativa é dobrar a receita digital até 2027.
Marcelo Leite ponderou que, para uma empresa de comunicação se destacar em um ambiente em que qualquer pessoa com um celular e acesso à internet pode se tornar um produtor de conteúdo, é preciso também resguardar alguns valores tradicionais.
– Hoje, um menino ou menina com um celular na mão pode distribuir conteúdo. Nessas situações, é preciso achar o que te faz único e que dá valor para a tua audiência. Para nós, é a nossa credibilidade. Temos um compromisso de perseguir sempre a versão mais próxima da verdade possível, buscando todos os pontos de vista para que a audiência forme sua opinião de forma rica. Outra coisa que acreditamos ser única é o nosso localismo – complementou Leite.