Para o babalorixá Ricardo de Oxum, o 2 de fevereiro é dia de estar perto do mar. À frente da Sociedade Beneficente e Cultural Oxum e Oxalá, o pai de santo levou a imagem de Iemanjá para Tramandaí, no Litoral Norte. Antes disso, ele convidou GZH para acompanhar o ritual de saída dela, em um terreiro de matriz africana do bairro Passo das Pedras, na Zona Norte, pedindo licença para os orixás.
O andor de madeira que suporta a imagem é decorado com flores, frascos de perfumes e espelhos, porque a vaidade faz parte da personalidade da orixá. Ao redor dele, os frequentadores do terreiro de matriz africana cantam rezas na língua iorubá. No ritmo de tambores e atabaques, eles dançam em círculos, fazendo o movimento das ondas do mar com as mãos.
Na sequência, o pai de santo dá um banho de cheiro nos religiosos, molhando-os com ervas perfumadas, e distribui pedaços de melancia – uma das oferendas favoritas de Iemanjá.
– Iemanjá é mãe, é quem te dá o colo, é quem te dá o acalento, quem te cobre. E também é uma mãe que alimenta: não tem como não ter um alimento – diz pai Ricardo.
A última parte do rito é borrifar um pouco de perfume na mão de cada praticante, “um cheiro da mãe para levar para casa”.
Na frente do andor, já estava posicionado também um vaso com centenas de fitinhas azuis, que serão distribuídas no Litoral Norte. Uma delas já vai parar no pulso direito da repórter, o pai Ricardo amarra-a com três nós enquanto diz:
– Mãe Iemanjá lhe deseja bons olhos, bons ouvidos, bons amigos.
Quem é Iemanjá?
- Iemanjá significa, em uma língua africana, “a mãe cujos filhos são peixes”.
- Ela é a protetora dos mares no Brasil, mas tem origens de água doce: o culto a ela era realizado na região do Rio Ogum, na Nigéria.
- É considerada a grande mãe da Umbanda e dos Orixás. Representa vida e geração em todos os sentidos.
- No Brasil, também teve uma aproximação com mitos indígenas, sendo chamada também de Janaína e apresentada com calda de sereia.
- Para religiosos do Sul, como o primeiro dia do ano caiu em sexta-feira, 2021 será regido por Iemanjá. É tempo de restaurar o equilíbrio: acredita-se que a mãe vai limpar o que de ruim ocorreu no ano passado.