Em seu último dia à frente da prefeitura de Porto Alegre, Nelson Marchezan exaltou o cuidado com o orçamento da Capital, destacou as ações de combate à pandemia e explicou que seu futuro, ao menos imediatamente, não deve envolver a política. Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, nesta quinta-feira (31), Marchezan afirmou que sua gestão conquistou bons resultados em todas as áreas, e enfatizou o combate à corrupção como uma marca do governo.
— Nós tivemos um resultado em todas as áreas, em todas as secretarias. Batemos metas, quebramos recordes, apresentamos números que superaram todos os outros. Fizemos experiências inovadoras, provamos que é possível fazer uma gestão pública em uma capital combatendo a corrupção, com trabalho muito focado nos resultados voltados às pessoas. Com foco no interesse público muito acima do privado. Quando olho para o passado da máquina pública, não só em Porto Alegre, isso é muito difícil de encontrar — destacou o prefeito.
Marchezan hesitou ao ser questionado por Daniel Scola e Rosane de Oliveira sobre o legado que deixa para Porto Alegre. Apontou que, talvez, o maior deles tenha sido o de salvar vidas, avaliando como positivas as ações de combate à pandemia do coronavírus na Capital. Afirmou, também, que deixa outras marcas na história do município.
De forma muito macro, o legado foi tirar Porto Alegre do buraco, de décadas de dificuldade financeira. De expurgar a corrupção histórica da máquina pública — garantiu.
Ainda destacando a situação financeira que deixa para o sucessor, Sebastião Melo (MDB), Marchezan ressaltou que, há pelo menos 20 anos, Porto Alegre fechava seu orçamento no vermelho.
— E provavelmente antes também, mas não se tem tantos registros. Nós pegamos a prefeitura em 2017 devendo R$ 437 milhões para grandes, pequenos, médios e micro fornecedores, de dívida, e estamos entregando R$ 201 milhões ou R$ 205 milhões de superávit, com todas as contas pagas. É uma situação inédita na história recente da cidade. É um legado que acho que nenhum prefeito vai deixar para seu sucessor — afirmou.
Ao responder se tinha algum arrependimento em relação à sua gestão, Marchezan explicou que fez um governo voltado para o interesse de 1,5 milhão de porto-alegrenses, e não daqueles que "usavam" a cidade. Isso, garante o prefeito, desagradou quem usava esses instrumentos político-partidários na Capital.
— A gente perdeu muito tempo debatendo coisas pequenas, do tamanho medíocre de uma parte da Câmara. Foram, efetivamente, seis processos de impeachment fake, o último, sustentado por um único desembargador durante cinco meses. Com uma CPI fake de um vereador fake. Infelizmente, a gente perdeu a eleição, mas eu estava focado na pandemia, em administrar a cidade.
Para Marchezan, um erro foi não ter usado bem os meios de comunicação da prefeitura para informar a população.
— Se eu diria que teve um erro, no ponto de vista de vencer uma eleição, foi o erro de comunicação, de não ter dado tanta ênfase. Fomos o governo que menos investiu em comunicação nos últimos 15 anos — afirmou ele.
Provamos que é possível fazer uma gestão pública em uma capital combatendo a corrupção, com trabalho muito focado nos resultados voltados às pessoas. Com foco no interesse público muito acima do privado
NELSON MARCHEZAN
Prefeito de Porto Alegre
Ao falar sobre a pandemia, Marchezan evitou dar uma estimativa para o início da vacinação na Capital, mas afirmou que Porto Alegre tem toda a capacidade para imunizar sua população assim que uma vacina for aprovada e chegar ao município.
— Temos estrutura de ponta, temos uma rede que foi referência no Brasil, desde a vacinação de milhares de pessoas nas suas residências até uma parceria com três grandes redes de farmácia que chegou em quase todas as quadras de Porto Alegre vacinando. Quanto à estrutura, Porto Alegre está muito bem preparada.
Ao final, falando sobre seu futuro, Marchezan disse que, imediatamente, isso pode não envolver política.
— É futuro, não sei se político. Vivi intensamente todos os meus mandatos, e quem passou pela prefeitura comigo sabe que realmente gosto de trabalhar, e consegui reunir pessoas que também gostam ao meu redor. Estou focado em entregar as contas em dia, encaminhar pessoas da equipe para o governo, e ficar um pouco mais com meus filhos — finalizou.