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Com a sustentabilidade em alta, um novo problema na hora de doar itens de vestuário veio à tona: o descarte de roupas íntimas. Pensando nisso, a Caon Lingerie, de Porto Alegre, criou uma forma de reaproveitar essas peças. O Programa de Logística Reversa da marca é simples: basta entregar calcinhas e sutiãs para a empresa, que conserta e higieniza as peças, após uma triagem.
A iniciativa é um exemplo de empreendedorismo social, já que, após a reciclagem, os itens são doados para mulheres em situação de vulnerabilidade social. Proprietária da marca, Rosele Caon conta que encontrou no projeto um jeito de ajudar outras mulheres e o meio ambiente:
— Eu não conseguia pensar em empreender se não fosse um negócio sustentável e que ajudasse essas mulheres em situação de rua — diz Rosele, que doou a primeira leva de peças no centro de acolhimento Pop II.
As peças íntimas passam por uma lavagem industrial, a mesma feita em roupas hospitalares. Depois desse processo, elas são reformadas e em seguida entregues para doação.
Durante a triagem, os itens que estão muito desgastados são separados e enviados para a indústria Ambiente Verde, localizada em Taquara, no Vale do Paranhana. Lá, as peças são desmanchadas. O material excedente é usado na confecção de caixas utilizadas para a entrega dos produtos.
Por conta da pandemia, o plano de distribuir pontos para coleta pela Capital foi adiado, mas Rosele recebe as doações em sua casa. Para o futuro, a marca pretende instalar urnas em lojas parceiras para recolher as peças.
— Acho que, com a pandemia, as pessoas passaram a olhar mais para a sustentabilidade. Eu acredito que a sustentabilidade não deveria ser um braço da moda, mas sim a moda ser sustentável por completo — defende.
Além da operação de reciclagem, a marca vende peças novas, com valores que variam de R$ 70 a R$ 120, no caso dos sutiãs. Parte do valor custeia o projeto Logística Reversa.