Desde que a pandemia chegou a Porto Alegre, o Centro Estadual de Treinamento Esportivo (Cete), no coração do bairro Menino Deus, tem novos frequentadores vip. Com as instalações fechadas, as pistas e gramados do espaço hoje servem apenas para competições de pega-pega entre quero-queros e gatos.
Diretor do espaço que se tornou um xodó da região, Pedro Paulo Guimarães conta que visitou instalações de clubes esportivos privados da cidade que haviam reaberto com medidas de segurança sanitária (nesta semana, eles voltaram a ter atividades restritas). Chegou à conclusão de que seria impossível fazê-lo no Cete sem um investimento robusto na higienização constante dos espaços, o que beira o impraticável.
Hoje, o centro conta com apenas seis servidores, além da colaboração de três apenados do sistema prisional em regime semiaberto, para tomar conta de 16 estruturas físicas, como a pista de atletismo, o ginásio poliesportivo e quadras de futebol 7, de areia e de tênis. Nelas, costumavam ser ministradas mais de 25 modalidades, todas gratuitas.
— Para garantir a segurança aqui, teria de ter no mínimo um profissional de limpeza em cada espaço. Sem algo assim, o Cete só reabre depois da vacina para a covid-19 — prevê Guimarães.
Outra preocupação é evitar aglomerações no chamado novo normal pós-pandemia, já que a pista de atletismo, nos dias mais concorridos, chega a receber 2,3 mil pessoas. Simultaneamente, nos horários de pico, são cerca de 150 praticantes de corridas e caminhadas, um no rastro do outro. Ao retornar às atividades, o Cete estuda a instalação de uma catraca no acesso à pista com lotação de aproximadamente 70 corredores.
A boa notícia é que o tempo de inatividade pode auxiliar a reforma do espaço, que recebeu verba de R$ 3,5 milhões para uma ampla revitalização – resultado de emenda parlamentar do então deputado federal João Derly. Desses, R$ 800 mil devem ser destinados para reconstruir a Casa das Federações, espaço demolido no final dos anos 2000 para abrigar representantes de 73 entidades esportivas. No novo projeto, o local funcionaria como coworking, com salas de reuniões e auditório para eventos.
A reforma também prevê uma quadra poliesportiva com o tamanho oficial de 40 por 20 metros no ginásio. De acordo com o coordenador da Assessoria Técnica da secretaria estadual de Esporte e Lazer, Marcelo Gigoski, hoje Porto Alegre não conta com nenhuma quadra dessas dimensões, dificultando candidaturas para competições. Visando sediar campeonatos e eventos, o ginásio poliesportivo também ganhará arquibancadas.
Outra melhoria será a pista amadora, para caminhadas, no entorno da pista de atletismo. Depois de uma tentativa frustrada de instalar no entorno do CETE piso emborrachado azul, o material foi inteiramente retirado por estar em mau estado. Antes de nova tentativa, o piso será preparado para receber uma pista com distância padronizada de três raias em todo o percurso, e dessa vez com material de primeira.
— São processos demorados. Atualmente está sendo estudado onde ficará a nova Casa das Federações, baseado em estudos de solo. Só então a Secretaria de Obras pode começar o processo de licitação da reforma em si. É trabalho para um ano inteiro. Apesar de fechado, o Cete não está parado — garante Gigoski.