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Nascido e criado na Vila Farrapos, zona norte de Porto Alegre, Jean Marchi sonhava em ser jogador de futebol, mas bateu na trave e foi jogado de volta à realidade: a necessidade de trabalhar e estudar o afastava dos treinos. O ex-atleta, hoje com 31 anos, viu no campinho da infância a possibilidade de manter vivo o objetivo de outros jovens e se tornou professor voluntário na escolinha do bairro:
— Além de sonhar em ver nossos guris jogando profissionalmente, a gente quer formar cidadãos aqui na (escola) União Vila Farrapos.
Do terreno, fica nítido o contraste com a Arena do Grêmio — a 700 metros — e a pobreza que assola a região. Em casas simples de trabalhadores, vivem aspirantes a zagueiros, meio campistas e atacantes de futuro incerto.
— Infelizmente, a vinda do estádio não trouxe desenvolvimento para o bairro. Obras do entorno deixaram muito a desejar — lamenta.
Marchi reconhece, porém, que jogar ao lado de um estádio que sediou finais internacionais motiva a gurizada:
— Desde que a Arena veio para cá, a gente percebeu evolução deles (atletas). A Arena trouxe esse crescimento para eles, aumentou a esperança.
Além de professor na União Vila Farrapos, Marchi cursa magistério e faz estágio em uma escola com alunos dos anos iniciais. A necessidade de trabalhar acabou retardando sua formação, e ele concluiu o Ensino Médio aos 22 anos. Vê no horizonte a construção de um legado para a comunidade da Vila Farrapos.
— (O objetivo é) ter o centro comunitário como ponto de referência para os jovens e encontrar empresários que nos ajudem — finaliza.
Com orgulho, lembra que há duas décadas jogou ao lado hoje meio-campista do Inter, Edenilson.
— Ele começou aqui, ficou até 2006 com a gente. Eventualmente, nos visita, tem família aqui na vila ainda — conta, acrescentando que tem alunos seus jogando nas categorias de base do Novo Hamburgo e do São José, ambos da série A do Campeonato Gaúcho.
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Ao todo, quatro voluntários tocam projetos na sede do centro comunitário da Vila Farrapos, atendendo mais de 600 pessoas por mês, entre crianças, adolescentes e adultos. O espaço tem dois vestiários, banheiro e uma sala para eventos e reuniões.
— Temos capoeira, palestras sobre arbitragem e cursos profissionalizantes — ressalta o ex-atleta.
O centro é mantido exclusivamente com ajuda de vizinhos e familiares, tendo por parte da prefeitura somente a organização dos campeonatos, no projeto Em Cada Campo uma Escolinha.