Em meio às rosas, numa das mais floridas ruas do centro de Porto Alegre, uma figura se destaca. Poderia ser pelo coque no cabelo ou até mesmo pelos adereços pendurados nas orelhas, mas o que chama atenção mesmo é a história de Gilnei Germano Jordão, 50 anos. Ele vive nas floriculturas desde os sete.
— Minha mãe escolheu meu padrasto em vez de mim — relembra, sem qualquer carinho pelo companheiro da mãe biológica, e sua fuga de casa aos seis anos.
Nei, como gosta de ser chamado, morou na rua, no entorno do Mercado Público, sobrevivendo com o que ganhava dos feirantes. Sua história como filho da rua foi interrompida pela florista Selmira Miller pouco mais de um ano depois:
— Ela já tinha outros três filhos adotivos. Tinha amor em ajudar as pessoas, uma mãezona.
Ele passou a viver na Vila Farrapos com a família que o acolheu e a trabalhar com os arranjos:
— Aos 12 anos, aprendi a fazer buquê, só de olhar.
Amante das rosas vermelhas, trabalha seis dias da semana na Avenida Otávio Rocha. E não quer mudar.
— As flores são meu trabalho e minha vida — finaliza.