Há duas décadas, o local de trabalho de Antonio Carlos Corrêa, 48 anos, é uma cabine incrustada em um dos quatro pilares que sustentam o vão móvel da ponte do Guaíba, em Porto Alegre. Dentro da sala envidraçada, ele se posiciona diante de uma mesa com botões amarelos, verdes e vermelhos. É por meio do equipamento que opera a subida e a descida do vão móvel, que pesa cerca de 480 toneladas.
Para ocupar a função, o morador de São Leopoldo seguiu o caminho trilhado pelo pai, Avelino, operador na ponte por cerca de quatro décadas.
– Meu pai me convidou para vir para cá – lembra.
Quando iniciou o trabalho, em 1997, Corrêa tornou-se funcionário da Triunfo Concepa, antiga responsável pela ponte. Hoje, é empregado da concessionária CCR ViaSul, que manteve outros seis trabalhadores que já atuavam no local.
A exemplo de Corrêa, Jorge Vasconcellos Bastian, 66 anos, também guarda laços históricos com a travessia do vão móvel. Quando criança, era levado pelo pai, o engenheiro Rui Caldeira Bastian, para acompanhar a obra. O pai, um tio e um dos avôs de Jorge trabalhavam na construtora Azevedo, Bastian e Castilhos, que atuou na construção da ponte, símbolo da modernidade à época. Jorge seguiu a influência familiar e tornou-se engenheiro.
– A obra foi inaugurada em 1958, mas algumas mudanças foram terminadas depois, como no anel de acesso à ponte.
A maior dificuldade na época foi fazer o transporte dos insumos em barcas e navios de um lado para o outro. O projeto foi feito na Alemanha, mas desenvolvido aqui – recorda.
O custo de toda a obra foi de 750 milhões de cruzeiros, assumidos na maior parte pelo governo federal, conforme o livro A Ponte do Guaíba. Em valores atuais, a cifra corresponde a R$ 252,2 milhões – um terço dos R$ 757 milhões previstos para a construção da nova ponte.