A falta de repasse do governo do Rio Grande do Sul às empresas contratadas para a duplicação da RS-118 está sendo sentida também pelos prestadores de serviço terceirizados que trabalham na estrada. Cerca de 20 caminhoneiros que faziam o transporte de brita, aterro e outros materiais para parte da obra estão sem receber os pagamentos desde dezembro.
Na manhã desta quarta-feira (27), um grupo estacionou os veículos em frente ao galpão da Toniolo Busnello, às margens da estrada, em Sapucaia do Sul, para cobrar os valores devidos. Eles ouviram de representantes da empresa que o problema é com o repasse do Estado.
— Eu tenho cerca de R$ 60 mil para receber pelos serviços de três caminhões meus que trabalharam na obra. Não tenho dinheiro mais nem para fazer a manutenção deles — reclamou um dos donos de caminhão, que pediu para não ser identificado.
O ritmo da obra vem sendo reduzido desde o final do ano passado. Com isso, a demanda por caminhões foi reduzindo e os serviços, dispensados. Atualmente, um pequeno grupo trabalhava no local e agora está de braços cruzados até que o impasse seja resolvido.
O governo do Estado reconhece o atraso. De acordo com a Secretaria Estadual dos Transportes, há uma dívida de R$ 3,5 milhões a ser paga com a Toniolo Busnello e a Sultepa. Faturas deixaram de ser pagas desde outubro de 2018, mesmo que a execução dos trabalhos tenha prosseguido até dezembro. Sem o pagamento, a obra considerada fundamental para a melhoria do trânsito na Região Metropolitana não pode ser agilizada.
A pasta garante que está negociando com a Secretaria Estadual da Fazenda a liberação de recursos para o pagamento o mais breve possível. No entanto, com a grave crise financeira, diz não haver um prazo.
Além do valor devido às duas construtoras, o Estado também pagou recentemente R$ 11 milhões para a empresa Stratura, subsidiária da Petrobras, que tinha a receber R$ 13 milhões de asfalto que foi entregue ainda em 2018. Não há previsão de pagamento dos outros R$ 2 milhões. O contrato anterior chegou ao fim na semana passada e o governo negocia um novo aditivo.
Até agora, 70% dos trabalhos de duplicação da RS-118 foram realizados. As obras começaram em 2006. Com Eduardo Leite, já é o sexto governo diferente desde que os primeiros editais foram lançados, no começo dos anos 2000.